renato

Há exato um ano, Renato Portaluppi deixou de ser um treinador para o Grêmio e virou técnico de futebol. Porque até chegar à Arena como solução emergencial à saída de Roger, Renato parecia moldado para comandar um único time no Brasil. O Penta da Copa do Brasil descolou dele esse rótulo. Não só o título, é verdade. Nesta terceira passagem como técnico do clube, Renato mostrou-se mais maduro, mais tático e com uma segurança para conduzir o time que impressiona.

O que não mudou em Renato foi a verve. A primeira impressão é de que a idade, os 55 anos, o domou. É só impressão. Ele segue afiado e mantém a ironia dos tempos de jogador. Só mudou o tom. Na entrevista coletiva depois da final da Copa do Brasil, deu uma declaração que provocou uma pororoca nas mesas redondas e nas discussões sobre futebol:

 

– Treinadores que precisam estudar vão para Europa, quem não precisa, vai para praia.

 

O sujeito da praia, claro, era ele, um frequentador assíduo da rede de futevôlei em frente à rua Vinícius de Morais, no posto 9 de Ipanema. Renato aprendeu na prática, no dia a dia do vestiário. Sempre foi um sujeito boa praça, a estrela do time que pensava em todos. Levou isso para o vestiário como gestor de grupo. Você nunca o verá como um livro de tática na mão, mas o verá, com frequência, em conversas com os jogadores, seja de forma reservada ou descontraída, quando arranca risos ao provocá-los, perguntando se assistiram ao DVD com seus gols.

 

Ponteiro-direito dos bons, Renato foi de primeira linha. Pode-se dizer que era um Cristiano Ronaldo dos trópicos, pela força física, pelo drible em velocidade e pelos gols. Também, é claro, pela pinta de galã. Tanta semelhança fez o técnico soltar mais uma de suas pérolas, ao dizer havia jogado mais do que o astro do Real Madrid. Questionado por um repórter espanhol na entrevista coletiva oficial da Fifa, nesta sexta-feira, ele reafirmou:

 

– Eu o admiro, todos os anos procura bater seus recordes, é muito generoso fora das quatro linhas, admiro muito isso nele também. Para vocês, que não me viram jogar, elogiar o Cristiano Ronaldo é fácil. Mas para saber quem jogou mais tinham de ouvir outras pessoas. Mantenho minha opinião (de que joguei mais do que CR7). É a minha opinião, cada um tem a sua.

 

Nada é mais Renato do que isso. A única diferença é que, com os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, ele passou a ser visto como técnico de futebol e não como um treinador para o Grêmio.