jailson

Havia duas certezas no Grêmio em dezembro de 2016: um jogador deveria ser vendido para equilibrar as contas; se esse jogador fosse Walace, o substituto estava em casa. No final de janeiro, Walace foi vendido ao Hamburgo, da Alemanha. Para se ter uma ideia do que isso significava, a direção reuniu os jogadores no vestiário para comunicar a saída do companheiro. E para anunciar que a reposição seria feita com Jailson.

O Grêmio traduzia em cifras a aposta no guri nascido no Seivalzinho, em Caçapava do Sul, e lançado pelo Guarany, de Bagé. Ele recebeu um aumento significativo no salário, que ainda era do padrão de jogador da base. Subiu algumas faixas na folha do grupo principal, mas os ganhos ainda são insuficientes para realizar a promessa feita aos 17 anos, quando deixou Caçapava do Sul para jogar no sub-17 do Guarany-Ba. Ao se mudar para a concentração do Estádio Estrela D'Alva, Jailson traçou como meta dar uma casa para a mãe, dona Enedina, que se desdobrava em dois empregos para bancar a família.

 

A ascensão no Grêmio, no entanto, já permitiu alguns avanços. O volante deixou o apartamento acanhado nas cercanias do Beira-Rio e se mudou para um condomínio de alto padrão no Jardim Lindóia. Mas a fama também provocou alguns retrocessos. A condição de titular provocou deslumbramento e fez as madrugadas do volante ficarem mais longas. O comportamento refletiu no rendimento. Não demorou para voltar à reserva.

 

Foi quando a direção do Grêmio, que havia apostado nele em janeiro, entrou em cena. Dona Enedina foi chamada para colocar o filho nos eixos.

 

Com a mãe por perto, Jailson voltou a ter horário de atleta, cardápio de atleta e futebol de titular. Michel teve de passar por uma artroscopia e, quando voltou, na final da Libertadores, o lugar tinha novo dono. Jailson, enfim, cristalizava a convicção da direção em dezembro de 2016: o substituto de Walace estava em casa.