Kannemann

No dia seguinte à conquista da Copa do Brasil, Kannemann tomava o caminho de casa. Quando passou pela Avenida Goethe, já finalzinho de tarde, viu torcedores do Grêmio estendendo a festa pelo título com um churrasco no canteiro central. Buzinou e acenou para eles. Houve retribuição e pedido para que se aproximasse, e saboreasse uns nacos de carne e entornasse algumas latas de cerveja. O argentino declinou do convite, mas desceu do carro e foi ao encontro do grupo. Tirou fotos com os torcedores, agradeceu o apoio na caminhada até o Penta e voltou para o carro.

 

Essa mesma simplicidade, Kannemann mostra em campo. Por isso, virou uma referência do time e um dos jogadores mais respeitados pelos torcedores. Hoje, forma com Pedro Geromel a melhor dupla de zaga do continente. Tanto que, na Argentina, os seus passos já começam a ser observados pela mídia.

 

Não fosse Jorge Sampaoli um técnico de conceitos táticos revolucionários, em que zagueiros precisam ser multifuncionais, poderia até se cogitar de chances de Copa do Mundo para o "Viking", como ele é chamado em seu país. Acontece que Kannemann é zagueiro de carteirinha. Dispensa firulas, joga para proteger seu goleiro. E deixa tudo em campo. Por isso, virou ídolo. E o mais legal dessa relação com a torcida é que há uma reciprocidade que chega a ser comovente. Tanto é  que, em Abu Dhabi,  ao ser entrevistado por um tuiteiro com a camisa do Grêmio, o pai do zagueiro não se conteve ao ser apresentado.

 

– Esse é o pai do Kannemman, nosso ídolo.

 

Seu Pedro Antônio encheu os pulmões para começar a falar. Mas travou. As lágrimas caíram, e ele recostou a cabeça no ombro do entrevistador. Quando se recobrou, agradeceu aos gremistas:

 

– Muito obrigado pelo carinho com o meu filho.