Latina, americana e asiática

Mateus Bruxel*

mateus.bruxel@diariogaucho.com.br

Manila, a principal porta de entrada nas Filipinas, nada tem do sossego e da tranquilidade das ilhas paradisíacas que atraem turistas do mundo todo. A capital é uma megalópole que mistura as ruínas do passado colonial com modernos arranhacéus, tudo conectado por um trânsito caótico. Ainda assim, é o melhor lugar para se saber da história do país e conhecer um pouco da cultura de um povo hospitaleiro — e também para fazer compras com câmbio favorável.

Grande parte dos filipinos tem nomes espanhóis mas falam inglês, além de filipino, ou tagalo, como é chamado o idioma mais usado no arquipélago. Há muitos católicos e fanáticos por basquete. São algumas das marcas deixadas pelos anos de colonização espanhola, que começou no século 16 e durou cerca de 300 anos (o nome do país é uma homenagem ao Rei Filipe II da Espanha), e norte-americana, que se estendeu por outras quatro décadas, de 1898 até a II Guerra Mundial. Japão e China, dois vizinhos poderosos, também contribuíram para encorpar mais essa mistura multicultural. Por conta da influência ocidental, os filipinos foram chamados de latinos da Ásia.

Pratos apimentados, desafio ao paladar

Com US$ 1, é possível comer um lanche na principal rede de fast food filipina, Jollibee, identificada por uma abelhinha sorridente. Uma água ou um refrigerante, por exemplo, custam entre US$ 0,40 e US$ 1,50. Quem estiver disposto a gastar um pouco mais encontra refeições completas por US$ 15, com entrada, prato principal e sobremesa.

Carne de porco e frango são as estrelas de alguns pratos típicos, normalmente com arroz. É o caso do Lechón, o leitão assado, e do Chicken & Pork Adobo, que traz cubos de porco e frango cozidos em leite de coco e servidos com um molho que leva pimenta, páprica, cebola, alho, vinagre e shoyu. Por causa das carnes em pedaços e dos molhos, os locais costumam comer usando apenas garfo e colher. A faca fica de lado. E a comida é bem apimentada. Para a sobremesa, recomenda-se o halohalo: mistura-se em uma taça as diversas camadas coloridas sobrepostas com sorvete. Parece apetitoso, mas alguns ingredientes podem surpreender os desavisados.

Enquanto misturo tudo, fico sabendo que o sorvete é de batata roxa. Logo abaixo dele, encontro uma camada de gelo, gelatina, pedaços de pudim, lascas de coco e… feijão e grão de bico!

Outro ícone genuinamente filipino circula pelo trânsito caótico da capital. Os jeepneys são uma atração à parte no vaivém engarrafado de Manila, com sua decoração extravagante e assentos lotados. É o meio de transporte mais popular entre os nativos, ao custo de 8 pesos filipinos, equivalente a US$ 0,16. Mas hoje estão com os dias contados: poluentes, estão ameaçados de serem tirados de circulação pelo governo.

Com US$ 1 é possível comer na principal rede de fast food filipina, Jollibee, identificada por uma abelhinha sorridente e espalhada por todos os cantos de Manila. Quem estiver disposto a gastar um pouco mais, encontra estabelecimentos em que com cerca de US$ 15 se tem uma refeição com entrada, prato principal e sobremesa. Carne de porco e frango são as estrelas de alguns pratos típicos, consumidos normalmente com arroz. É o caso do Lechón, o leitão assado, e do Chicken & Pork Adobo, que traz cubos de carne de porco e frango cozidos em leite de coco e servidos com um molho que leva pimenta, páprica, cebola, alho, vinagre e shoyu. Por causa das carnes em pedaços e dos tradicionais molhos, os locais costumam comer usando apenas garfo e colher. A faca fica de lado. E a comida é bem apimentada. Uma garrafa de água, por US$ 0,60, em média, pode ajudar nesses momentos picantes.

Para a sobremesa, recomenda-se uma especialidade tipicamente filipina: o halo-halo. O nome significa algo como "misturar, misturar" no idioma local. Em uma taça de milk shake, é o que devemos fazer com as diversas camadas coloridas sobrepostas e com sorvete no topo para finalizar. Parece apetitoso, mas alguns ingredientes podem surpreender os desavisados. Enquanto misturo tudo, fico sabendo que o sorvete é de batata roxa. Logo abaixo dele, encontro uma camada de gelo, gelatina, pedaços de pudim, lascas de coco e… feijão e grão de bico! A mistura serve quase como metáfora para a formação da nação filipina, derivada também de uma mescla cultural com os povos colonizadores.

Outro ícone genuinamente filipino circula pelo trânsito caótico da capital. Os jeepneys são uma atração à parte no vai-e-vem engarrafado de Manila, com sua decoração extravagante e assentos lotados. Compreensível: é o meio de transporte mais popular entre os nativos, ao custo de 8 pesos filipinos, equivalente a US$ 0,16. Deixados no país pelos norte-americanos após a Segunda Guerra Mundial, esses antigos jeeps foram adaptados para o transporte público e desfilam cores e formas pelas ruas e avenidas. No entanto, podem estar com os dias contados se depender do governo do presidente Rodrigo Duterte, que faz uma administração polêmica e já foi chamado de "Donald Trump das Filipinas" por seus discursos sem filtros. O governo dele pretende retirar das ruas os jeepneys para dar lugar a veículos mais modernos e menos poluentes.

Os lugares a conhecer

Intramuros

O distrito de Intramuros é o mais antigo e revela o passado colonial da cidade. Para proteger a cidadela, os espanhóis construíram o Forte Santiago, que hoje está em ruínas, mas segue imponente com seus muros altos e espessos, de onde se pode ter uma boa vista da cidade. Na fortificação, há câmaras de tortura, masmorras e o Santuário Rizal, um museu em homenagem a José Rizal, o herói nacional que pregava a independência das Filipinas.

Ainda em Intramuros, deve-se visitar a Igreja de Santo Agostinho, único prédio público que sobreviveu ao maior terremoto que atingiu as Filipinas, em 1863. Tombada pela Unesco, é a predileta dos nativos para casamentos.

Ainda em Intramuros, deve-se visitar Igreja de Santo Agostinho, único prédio público que sobreviveu ao maior terremoto que atingiu as Filipinas, em 1863. Tombada pela Unesco, é a predileta dos nativos para casamentos.

Parque Rizal

É um dos maiores parques da Ásia, com 60 hectares. Essa extensa área arborizada, considerada o pulmão da cidade, é o lugar perfeito para dar um tempo do corre-corre, passear e descansar.

Chinatown

Na margem oposta ao Forte Santiago, do outro lado do Rio Pasig, está a Chinatown de Manila, também chamada de Binondo. Considerada a Chinatown mais antiga do mundo, tem no comércio seu ponto forte. Pelas ruas estreitas, o movimento intenso de pedestres e veículos se mistura. As calçadas são tomadas por bancas e vendedores. Pode-se comprar desde frutas exóticas, como o mangostin, até uma raiz considerada medicinal para tratar colesterol, pressão alta, alergia e mais uma série de problemas chamada cugon.

Bonifacio High Street

Opção de compras além dos grandes shoppings, presentes em vários distritos de Manila, Bonifacio High Street, no distrito de Bonifacio Global City (BGC), é um calçadão que se estende por quatro quarteirões e abriga lojas de grandes marcas como Nike, Apple, Speedo, Samsung, Calvin Klein, além de muitos bares e restaurantes. Tudo a céu aberto. É um belo espaço para passear a pé, muito seguro tanto de dia quanto à noite.

Tagaytay

Outra opção é conhecer a cidade serrana de Tagaytay, distante pouco mais de 60 quilômetros de Manila. Ela fica a mais de 2 mil metros de altitude. Lá fica o vulcão Taal, adormecido desde 1977. O lago Taal, na ilha de Luzon, fica dentro do vulcão Taal e, dentro dele, há a Ilha do Vulcão, cuja cratera também forma um lago e contém uma pequena ilha — sim, realmente é confuso, tanto que até os locais se atrapalham ao tentar explicar a geografia da coisa toda.

Para comer e beber


The Test Kitchen

Uma experiência sofisticada de gastronomia num ambiente exclusivo é o que oferece o restaurante comandado pelo chef Josh Boutwood, em Makati, na região metropolitana de Manila. Com apenas 20 lugares, as reservas devem ser feitas com pelo menos um mês de antecedência. O ambiente é aconchegante, com luz baixa, intimista. Os ingredientes ficam expostos. As mesas ficam muito próximas da cozinha, de onde dá pra acompanhar de perto a preparação artesanal e cuidadosa dos pratos pelo chef e sua equipe. O jantar, com seis opções no cardápio, custa cerca de US$ 50 - sem bebida.
www.thetestkitchen.ph

The Curator Coffee & Cocktails

Também localizado em Makati, funciona como cafeteria durante o dia e um badalado bar de drinks à noite. Está entre os 50 melhores bares da Ásia e oferece um cardápio variado de coquetéis por US$ 9 cada. Na dúvida entre mais de uma dezena de drinks do cardápio - em que cada um vem acompanhado de um gráfico que avalia características da bebida - a melhor opção é pedir o “me surpreenda”: depois de uma breve entrevista feita pelo garçom, uma bebida personalizada é providenciada conforme o gosto do cliente.
bit.ly/cafecoquetel

Barbara’s Heritage Restaurant

Opção para almoço ou jantar, perto da Igreja de Santo Agostinho, em Intramuros, onde se pode provar pratos da culinária filipina, como o porco assado e o porco e frango com adobo. O buffet custa cerca de US$ 15 e também se pode pedir menu à la carte. Com decoração kitsch, o lugar é bem animado. Ao meio-dia, músicos e alguns dispostos frequentadores filipinos entoam as canções, revelando o gosto dos nativos por cantar. À noite, dá pra conferir shows de música e danças típicas no o Barbara’s.

Sonya’s Garden

Se fizer um bate-volta a Tagaytay para ver o vulcão Taal, não deixe de ir ao Sonya’s Garden, um ótimo lugar para fazer uma refeição saudável, além de conferir seus belos jardins. Boa parte do que vai para a mesa é produzido na propriedade, de forma orgânica. Em um ambiente silencioso, rodeado por verde e com uma brisa fresca constante, a refeição segue num estilo slow food. Com opções com saladas coloridas por flores, a comida é muito saborosa. Leve e de encher os olhos. Almoçar ou jantar sai por cerca de US$ 14. Sonya’s Garden também oferece hospedagem e serviços de spa.
sonyasgarden.com

*O repórter fotográfico viajou a convite da Ethiopian Airlines e do Ministério do Turismo das Filipinas.