Bora para Boracay

Mateus Bruxel*

mateus.bruxel@diariogaucho.com.br

Três faixas formam, nas águas do Pacífico, uma escala de cores que vai do azul-escuro, nas profundezas distantes da costa, passando pelo azul-turquesa, no meio, até um tom claro, que chega à areia da praia de Punta Bunga, no norte de Boracay, uma das mais de 7 mil ilhas das Filipinas. Decido colocar os pés no mar para examinar mais de perto o fenômeno e constato exatamente o que os filipinos repetem quando se referem à água desta ilha: “Turquesa a distância. De perto, clara como cristal”.

É impossível resistir a um mergulho. As paisagens que impressionam e atraem transformaram Boracay em um dos principais pontos turísticos das Filipinas, no Sudeste Asiático, com praias figurando frequentemente entre as eleitas como as melhores do mundo. É um destino capaz de oferecer experiências únicas para diferentes perfis de viajantes: do mochileiro ao hóspede do resort de luxo.

A mais paradisíaca entre 7 mil ilhas

Se visitássemos uma ilha das Filipinas por dia, precisaríamos de mais de 19 anos para percorrer os 7.107 pedacinhos que formam o quebra-cabeças que é o território do país. Boracay, sozinha, pode ser percorrida em bem menos tempo – as terras emersas têm cerca de sete quilômetros de comprimento por dois quilômetros de largura.

De Manila, a capital, por onde chegam grande parte dos voos internacionais, a melhor maneira de ir até lá é pelo aeroporto de Caticlan. O voo dura uma hora. Da janelinha, dá para admirar a vegetação abundante que cobre as ilhas pelo caminho e as praias nas bordas, com areia clarinha.

Do pequeno aeroporto do arquipélago, de van, ônibus ou triciclo, resta mais um trecho até o píer (os preços deste trecho variam, mas não passam de US$ 6). De lá, de barco, são mais uns 15 minutos pela baía até Boracay (mais uns US$ 3). Nessa parte, já dá para se distrair com a cor da água e a praia cada vez mais próxima.

Uma das melhores formas de explorar a área é a bordo de um dos 537 triciclos que rodam pela ilha, o meio de locomoção mais popular por essas bandas. Prepare-se para um passeio com emoção, que pode variar conforme a lotação, de até sete passageiros – quatro no carrinho lateral e mais dois no banco da moto, além do motociclista –, e o relevo. Em momentos de subida, com intensa aceleração, a sensação é a de que o veículo está prestes a decolar. O preço de uma volta muda de acordo com a distância. Quase cruzar a ilha de sul a norte custou US$ 0,60.

Ao oeste, a impressionante cor do mar segue sendo a atração, mas precisa dividir as atenções com a brancura da areia que dá nome à praia, White Beach, que se alonga por quase toda a costa desse lado. Considerada uma das 25 melhores praias do mundo, segundo variados rankings de turismo, White Beach é a mais famosa e movimentada de Boracay. Ela tem cerca de quatro quilômetros de extensão, divididos em três seções, chamadas de Stations, por causa das estações onde os barcos são ancorados, e é possível encontrar hospedagem em todas elas.

A Station 1 é uma alternativa para quem deseja um lugar mais calmo e tranquilo. Para viajantes que gostam de agito, as Stations 2 e 3 são as mais indicadas. Ali fica a região central da ilha, o centro comercial D’Mall e a maior parte dos bares e restaurantes. O movimento costuma ser intenso de dia e à noite, com turistas atraídos por shows musicais, além de opções para dançar e cantar nos karaokês.

Em outros pontos de Boracay, há ainda opções de resorts, que costumam atrair famílias em busca de lazer e conforto e casais em lua de mel, que podem desfrutar de praias particulares, como Punta Bunga e Banyugan, por exemplo. Nesses locais, as diárias partem de US$ 150. Para aqueles que procuram uma hospedagem mais em conta, há hotéis com diárias entre US$ 30 e US$ 50 ou albergues a partir de US$ 15, que são boas opções no interior da ilha.

A vida aquática de Boracay

A praia de Bulabog, no leste de Boracay, é o ponto de partida para uma série de atividades aquáticas. Bem servida de ventos, considerada um paraíso para praticantes de windsurfe e kitesurfe, oferece ainda opções de diversão aquática como flying fish (uma espécie de colchão inflável puxado por uma lancha), parasailing, caiaque e banana boat.

A bordo de um bangka, um barco tipicamente filipino, utilizado também para a pesca, com casco estreito e longo e dois apoios nas laterais para dar estabilidade no mar, deixo Bulabog para trás para fazer um tour pelas praias da ilha, chamado de island hopping. Há bangkas de vários tamanhos, podendo acomodar de 10 a 50 pessoas. O passeio dura em torno de quatro horas e custa cerca de US$ 20 – mas sempre se pode pechinchar.

A bordo da embarcação, partimos rumo à primeira parada: Coral Garden, um jardim de corais na praia de Ilig-Iligan. Os barcos param próximo de formações rochosas que se elevam do fundo do mar. Ali, a profundidade varia de três a cinco metros, e a visibilidade impressiona antes mesmo de se cair na água: é possível admirar os corais mesmo sem sair do barco, através da água cristalina. Para quem estiver a fim de se molhar, é só vestir o snorkel, cair na água e flutuar para observar as variedades de peixes coloridos, corais e plantas na região.

As paradas seguintes ocorrem em ilhas menores, onde se paga uma taxa de ingresso (em torno de US$ 3). Em Aron Magic Island, a diversão é o “salto de penhasco”. Construídos sobre as rochas, uma série de trampolins, com alturas de dois a 10 metros, desafiam os visitantes a pular direto no mar.

Desafio aceito: escolho o de 10 metros. O coração bate forte à medida que o fim da estrutura se aproxima a cada passo. Os músculos se contraem. A queda dura poucos segundos e é recomendável aproximar bem os braços do corpo por causa do impacto com a água.

Quando venho à tona, a sensação é de relaxamento. Vou mais uma vez. Uma plateia de turistas que ocupa mirantes ao redor dos trampolins vibra a cada novo salto e encoraja os exibicionistas.

A próxima parada é em Crystal Cove, onde se pode nadar do interior de uma caverna até o mar aberto para descansar sobre um deck flutuante. Descendo por uma estreita escada em espiral, chego ao interior da caverna. Há um espaço para caminhar entre formações rochosas até entrar na água. Uma abertura grande no paredão de pedra garante boa luminosidade lá embaixo. Mas o lugar é bastante concorrido por turistas. Lotado, pode ser um pouco claustrofóbico. Mas vale um mergulho para experimentar e se refrescar antes de rever Bulabog e constatar que o passeio de bangka terminou.

Para aqueles que não se empolgam com atividades aquáticas, Boracay também pode ser o lugar ideal para apenas ficar numa boa, descansar e relaxar com o vai e vem de ondas e o balanço suave das palmeiras até o sol se pôr: mais um espetáculo nesse clichê de paraíso.

Saiba mais

O país

As Filipinas são agrupadas em três regiões principais: Luzon (norte), Visayas (centro) e Mindanau (sul). Boracay fica na região central.

Como chegar

Não há voos diretos do Brasil. A É necessário fazer conexões. A chegada em Manila é pelo Aeroporto Internacional Ninoy Aquino. Para Boracay, a melhor opção é o Aeroporto de Caticlan.

Passagem

Voos de ida e volta de São Paulo até Manila, com conexões, custam cerca de R$ 4,5 mil.

Melhor período

De novembro a junho

Visto

Dispensa de visto, por até 59 dias

Moeda

Peso filipino (US$ 1 = 51 pesos filipinos)

Língua

Inglês e filipino (tagalo)

Quanto tempo ficar

Recomenda-se pelo menos duas semanas no país e de dois a três dias em Manila

Lista de palavras em tagalo

Salamat Po - Obrigado
Pakí - Por favor
Paumanhin - Desculpe
Magandang umaga - Bom dia
Magandang hapon - Boa tarde
Magandang gabi - Boa noite
*O repórter fotográfico viajou a convite da Ethiopian Airlines e do Ministério do Turismo das Filipinas.