ORIGENS
Extensas análises genéticas mostraram que os povos indígenas brasileiros carregam em seu DNA marcas de um parentesco inesperado. Povos da Oceania – incluindo Austrália, Papua-Nova Guiné e ilhas pertencentes às Filipinas e à Índia – apresentam sutis semelhanças genéticas com nativos brasileiros como os suruís e karitianas (de Rondônia) e os xavantes (de Mato Grosso). Os guaranis de Mato Grosso do Sul também têm alguma semelhança, ainda que pequena.
ORIGENS
A descoberta acrescenta uma complexidade muito maior à teoria de que os primeiros humanos chegaram ao continente americano partindo somente da Ásia, e então feito a travessia via estreito de Bering.
ESTREITO DE BERING
Em meio a tantas hipóteses, é quase consenso que as migrações dos primeiros humanos para as Américas ocorreram através do estreito de Bering, que em períodos glaciais ligou o continente asiático (na Rússia) ao continente americano (no Alasca).
Alguns estudos indicam que, antes do povoamento da América, uma população de origem asiática se instalou ali entre 20 mil e 18 mil anos atrás, em um período de "incubação" que pode ter durado cerca de 5 mil anos. Lá, eles ficaram tempo suficiente para acumular diferenças genéticas que se tornaram exclusivas
dos nativos americanos.
A teoria proposta na revista Nature em 2012, por outro lado, sugere que houve três grandes correntes migratórias da Ásia para a América na pré-história.
LUZIA
O crânio mais antigo já encontrado no Brasil era um elo perdido para os modelos de ocupação das Américas. Datado de 11,5 mil anos, o fóssil batizado de Luzia tem traços craniofaciais próximos aos aborígenes australianos e africanos – diferentes dos traços de asiáticos de populações da atual Sibéria que deram origem aos nativos americanos. Agora, falta entender como esse grupo chegou até aqui – se através de novas ondas migratórias ou pela miscigenação.
Outra teoria recente dá conta de que houve uma única grande onda migratória no começo da ocupação americana, com a vinda posterior de grupos aparentados aos povos da Oceania. Em artigo publicado na revista Science, eles acreditam que esses genes se misturaram antes mesmo das primeiras ondas migratórias.
Uma das novas teorias aponta que duas populações diferentes, vindas da Ásia e da Melanésia, podem ter se misturado logo no início da presença humana nas Américas. A hipótese, publicada na Nature, supõe que povos do sudeste da Ásia miscigenaram-se com tribos de outras regiões asiáticas.
Conforme a teoria das três ondas, de 2012, as populações indígenas brasileiras tiveram origem na migração principal das grandes correntes migratórias da Ásia para a América na pré-história. Essa teoria não falava em miscigenação ou possíveis relações com povos do sudeste da Ásia.