Confira perguntas e respostas sobre milhas
Dois especialistas no assunto dão dicas para quem quer viajar pagando menos
Milhas são pontuações acumuladas em programas de fidelidade de companhias áreas ou de hoteis, que podem ser trocados por passagens, hospedagem e outros benefícios, como aluguel de carros, eletrodomésticos e outros produtos. Qualquer pessoa que se cadastre nos programas pode acumular milhas.
Existe uma diferença entre milhas e pontos, explica Rodrigo Goés. Os pontos são acumulados em programas de fidelidade de bancos, através de compras no cartão de crédito. Para que esses pontos sejam transformados em milhas, é necessário transferi-los para os programas de fidelidade de companhias aéreas, como por exemplo o Latam Pass, da Latam, o programa Smiles, da Gol, e o programa TudoAzul, da Azul.
Sim, mas alguns programas são compartilhados. Companhias aéreas tem programas de fidelidade onde os viajantes inscritos acumulam milhas. Alguns exemplos são o Latam Pass, da Latam, o programa Smiles, da Gol, e o programa TudoAzul, da Azul.
Bancos e cartões de crédito também têm seus programas. O programa de fidelidade do Itaú chama-se Iupp, do
Banco do Brasil e do Bradesco chama-se Livelo, do Santander chama-se Esfera.
Também existem os cartões cobranded, dinâmica em que os pontos oriundos do catão de crédito vão direto para o programa de fidelidade da companhia aérea.
– Temos que lembrar que nesses casos de cartões cobranded, pode-se acabar perdendo as promoções que dão bônus (multiplicando os pontos) no momento da transferência dos pontos do banco para o programa de fidelidade da companhia aérea – afirma André Strauss, do blo Ases a Bordo.
Pagando qualquer tipo de conta com cartão de crédito é possível acumular milhas, se o plano do cartão de crédito permitir. Existem cartões que não acumulam. Por isso, é importante que quem estiver interessando em acumular converse com seu banco. Após reunir os pontos, é possível transferi-los para o programa de fidelidade da companhia aérea que interessar mais ao viajante e trocá-los por passagens.
– Hoje já é possível acumular milhas e pontos com quase todas as compras do dia a dia. O cartão de crédito é uma das ferramentas para acumular milhas, eu diria que a melhor delas, mas também dá pra acumular por meio de alguns aplicativos de pedir comida em casa, com aplicativos de mobilidade, fazendo compras em sites de e-commerce que têm parceria com programas de fidelidade – afirma André.
Há ocasiões em que é possível ganhar mais milhas comprando em sites de e-commerce específicos do que só utilizando o cartão de crédito. O consumidor precisa ficar atento às regras.
Além da transferência de pontos do cartão de crédito para os programas das companhias aéreas, é possível acumular milhas através de compras em lojas online parceiras dos programas de fidelidade. Cada companhia tem uma lista de parceiros.
Em 2020, família de André aproveitou a Black Friday para acumular milhas. Na ocasião, uma parceria do programa de uma comapnhia aérea com uma loja dava 25 milhas para cada real gasto na loja virtual. A família comprou dois itens que precisava para a casa _ uma geladeira e um notebook _ e acumulou 25 pontos pra cada real gasto, além dos pontos do cartão de crédito utilizado para pagar a conta.
– Com essas milhas que ganhamos, conseguimos comprar duas passagens para viajar para a Disney, no próximo dia 15 de dezembro. Foi preciso de 50 mil milhas por pessoa para ir e voltar, dentro de uma promoção de milhas que a Azul fez. Mas como temos dois filhos, ainda foi preciso utilizar outras milhas que nós já tínhamos acumulado com outras compras para comprar as passagens deles. Boa parte das compras de produtos do dia a dia – de produtos como desodorante, shampoo, sabonete, sabão em pó – são feitas de forma a acumular milhas na família de André. As compras em geral são online em sites de e-commerce parceiros de companhias aéreas.
– Basicamente, tudo o que não é perecível a gente consegue comprar em promoções de 20 pontos para cada real gasto ou semelhante. Em uma promoção de dia das mães, compramos um pequeno estoque de desodorantes e shampoos, pagamos mais barato do que se comprasse no supermercado ou na farmácia, e ganhei milhas comprando itens que eu naturalmente já iria ter que comprar no dia a dia – exemplifica.
Uma das principais estratégias que quem pretende viajar com milhas deve adotar é a de ficar atento a oportunidades de multiplicar as suas milhas. Uma forma de fazer isso é transferindo os pontos do cartão de crédito para os programas de fidelidade das companhias aéreas. De tempos em tempos, companhias aéreas fazem promoções que bonificam o cliente que trouxer os seus pontos do banco para o seu programa de fidelidade.
– Muitas vezes, é como se as companhias estivessem "brigando" pra ver qual recebe os pontos. Há promoções em que uma companhia dá 90% de bônus para você levar seus pontos para lá. A outra da 100%, ou seja, dobra os seus pontos. Eu sigo o meu método para milhas, que chamo de "ame viajar": "a" de acumular, "m" de multiplicar as milhas e "e" de emitir a passagem de avião – explica André.
Rodrigo Goés entende que os programas de companhias aéreas são como sapatos, tudo vai depender do objetivo do viajante. – Não existe um sapato perfeito, existe o sapato ideal para cada ocasião. Se você vai correr, vai precisar de um tênis, se vai para um evento, vai precisar de um sapato social. O mesmo vale para os programas de fidelidade das companhias aéreas. Se você utiliza mais voos nacionais, o ideal é buscar o programa de fidelidade da companhia que disponibiliza mais voos nesta área, e acumular as milhas por lá. Uma das companhias com maior cobertura nacional hoje é a Azul – afirma Goés Segundo o especialista, o mesmo vale para quem quer viajar pra fora do país. O viajante deve conferir qual empresa aérea realiza mais voos para o seu destino dos sonhos, por exemplo, ou qual programa de fidelidade das companhias áreas tem parceria com operadoras de lá. É possível se cadastrar em mais de um programa de fidelidade, de companhias aéreas diferentes, e ir transferindo os pontos do banco para o programa da companhia área que mais faz sentido tendo em vista o próximo destino do viajante.
É uma unidade de medida. Um milheiro equivale a mil milhas.
Existem empresas especializadas na compra e na venda de milhas, como é o caso da 123 Milhas e da Max Milhas. Funciona da seguinte maneira: quem tem milhas que não vai utilizar para viagem e pretende vender deve se cadastrar no site dessas empresas e cotar quanto elas estão pagando pelo milheiro (equivalente a mil milhas). O valor varia muito conforme época e demanda.
– A cotação é quase como uma bolsa de valores, muda todo dia. A cotação normalmente dura 24 horas. Se você aceitar vender suas milhas, eles te pagam e utilizam as suas milhas para emitir passagem para um terceiro – afirma André.
Sim. As milhas têm validade média de dois anos, mas isso varia bastante, segundo os especialistas. Há promoções em que as milhas podem valer por mais tempo. André acrescenta que, quando as milhas estão para expirar no programa de fidelidade da companha aérea, o viajante não precisa emitir a passagem dentro da validade das milhas: deve emitir antes do vencimento das milhas, mas pode viajar depois.
Também há casos em que pontos que estão perto de vencer no programa do cartão de crédito, ao serem transferidos aos programas de fidelidade das companhias, têm sua validade renovada.
– Vale lembrar que milhas são diferentes de pontos. Se os pontos do seu programa de fidelidade do banco estão para expirar, você pode transferir para o programa de fidelidade da companhia aérea e automaticamente passam a valer pelo tempo determinado pela companhia área – afirma Rodrigo.
O momento em que as milhas do viajante são mais valorizadas é quando são utilizadas para comprar passagens aéreas. Mas se o indivíduo não tiver planos de entrar num avião, é possível vender ou utilizar para trocar por produtos. Esta segunda opção, na visão de André, é a que costuma ser a transação onde as milhas são mais desvalorizadas.
– Trocar por panelas ou objetos em geral não vale a pena, pois, nesses casos, o programa de fidelidade paga muito pouco pelo milheiro. Se você calcular quanto custa a panela e quanto estaria gastando em milhas para comprá-la, não compensa – afirma.
A outra opção é vender para empresas que utilizam milhas de um indivíduo para emitir passagens para um terceiro, como é o caso da 123 Milhas e Max Milhas. Em geral, as empresas compram milhas que estão no máximo, a 30 dias de expirar.
– Emitindo passagem tem-se o melhor valor, dá uma média de R$ 40 o milheiro. Mas se a pessoa vai vender, empresas de compra de milhas pagam cerca de R$20 pelo milheiro. Tem gente que vende suas milhas para amigos e conhecidos também – afirma André.
Tanto André Strauss quanto Rodrigo Goés afirmam que sim, é seguro e economiza, se o viajante se inteirar do assunto e souber o que está fazendo. O melhor caminho é buscar fazer com que seus gastos do dia a dia rendam milhas e ficar atento às oportunidades de multiplicar o montante que já se tem.
Sim. O viajante não necessariamente precisa viajar na companhia aérea em que os pontos estão acumulados. É possível embarcar no avião de companhias aéreas parceiras, especialmente para destinos internacionais para os quais companhias brasileiras não têm voos. Cada programa de fidelidade tem diversas parcerias.
É possível viajar com milhas em alta temporada, mas é um momento em que as passagens ficam mais caras. Por isso, é preciso estar atento e se planejar para comprar com antecedência. André e a família vão viajar em dezembro deste ano para os Estados Unidos – momento considerado de alta temporada – com passagens que compraram com milhas em maio, sete meses atrás.
Alguns programas de fidelidade possuem uma tabela flutuante, que muda conforme a demanda: as primeiras pessoas que emitiram com antecedência uma passagem para determinado destino e data pagam menos do que quem deixou para emitir o bilhete mais perto do momento da viagem.
Mas também há chance para quem deixa para comprar na última hora, embora bastante imprevisível: eventualmente, se a data da viagem se aproxima e a companhia aérea não está com o avião cheio, pode optar por fazer promoções, baixando um pouco os preços. Isso costuma ocorrer cerca de duas semanas antes do dia de decolagem.
Com dois anos de idade a criança começa a pagar passagem de avião, mas, conforme André, a maioria dos programas de fidelidade exigem apenas CPF e aceitam o cadastro de crianças mais jovens do que isso.
– Eu saí da maternidade, fiz o CPF dos meus filhos e eles já começaram a acumular – afirma André
Diversas promoções têm limite por CPF. André conta que neste ano, uma ação de um programa utilizado por ele estava dando 13 mil pontos por uma compra de qualquer valor no site do programa. Ele utilizou a oportunidade para fazer compras baratas de produtos que precisava ter em casa e acumular pontos.
– Na minha conta do programa de fidelidade, comprei pipoca. Na da minha esposa, compramos guardanapos e, nas dos nossos filhos, compramos panelas. Foram quatro compras que resultaram em 13 mil pontos para cada pessoa. Depois, ainda consegui um promoção que dobrava os pontos fazendo a transferência do programa do banco para o programa de fidelidade da companhia aérea. Nisso, nossas 13 mil milhas viraram 26 mil por pessoa. Para ter-se uma ideia do que dá para fazer com esse valor, já encontrei promoção de passagem para Punta Cana (na República Dominicana) por 22 mil milhas – afirma André.
Os programas de fidelidade mandam promoções por e-mail e divulgam nas redes sociais. Por isso é importante fazer cadastro nos programas com um endereço e-mail que o usuário costuma acessar com frequência. A dica de André é que cinco minutos por dia bastam pra dar uma olhadinha nas promoções que estão rolando.
Não. O programa mais correto para acumular pontos é aquele que se encaixar melhor no tipo de viagem que o indivíduo quer fazer. O interessante é definir o destino e fazer uma pesquisa para identificar qual a companhia aérea que exige a menor quantidade de milhas para a passagem na época em que eu desejo viajar. Definida a companhia, o viajante foca em acumular pontos ou no banco, pensando em transferir para o programa da companhia quando houver alguma promoção de multiplicação, ou em acumular no programa de fidelidade da própria companhia.
É possível monitorar utilizando aplicativos e sites dos programas de fidelidade ou apps como AwardWallet e Oktoplus, os quais agregam os dados do usuário de diferentes programas de fidelidade em um local só. Esses aplicativos têm funções como alertar quando milhas estiverem próximas da data de expiração.