Quem é quem no escudo humano
Clique nas setas ou arraste a imagem para os lados para ver o relato de cada um dos reféns
Gilmar Mezzomo
44 anos
Empresário
Tinha ido ao Banco do Brasil para pegar um talão de cheques.
"Só conseguia pedir a Deus que terminasse sem acontecer nada. Infelizmente, desta vez, aconteceu."
lembra o empresário, referindo-se à morte do subgerente do BB Rodrigo Mocelin da Silva, 37 anos.
Gilmar de Oliveira
45 anos
Motorista
Guiava seu Uno para ir até o Banrisul pagar boletos bancários, mas, ao fazer a conversão e ingressar na Rua Antonio Stela, deparou com o assalto em andamento. Um dos ladrões atirou para o alto e o mandou descer. O carro apagou e Oliveira só conseguiu puxar o freio de mão, deixando a porta aberta. O assaltante imediatamente obrigou a vítima a fazer parte do cordão humano e atirou a chave do Uno longe.
"Me apavorei e parei onde estava. Me pegaram pelo braço e me colocaram no cordão. Depois, tentei me manter calmo. Ele (ladrão) até dizia que, se fizéssemos o que mandassem, não aconteceria nada com a gente e eles só queriam dinheiro do governo. Fiquei apavorado mesmo quando ele disse 'rezem para que a polícia não chegue. Se a polícia chegar, vamos explodir tudo junto'."
Ana Alice Pasin
33 anos
Professora
Foi acompanhar a mãe (Célia Pasin) até o Banco do Brasil para sacar dinheiro. As duas já tinham efetuado a operação e se preparavam para deixar o local quando Ana Alice, ao se virar em direção à porta, deu de cara com um assaltante golpeando os vidros frontais da agência com o fuzil. Após a invasão, ficaram por alguns instantes no chão e, depois, foram conduzidas até o lado externo. Mãe e filha foram colocadas no cordão humano. A chave do carro de Ana Alice estava na bolsa, que ficou aberta em meio ao tumulto, o que viria a se tornar um problema.
"Eles pediram que deixássemos as bolsas no chão. Quando moveram o cordão humano, um deles chutou a bolsa e a chave do carro caiu. Ele pegou a chave e perguntou de quem era. Fiquei quieta no primeiro momento. Depois, ele gritou de novo: "De quem é a chave?" Aí ergui a mão. Ele me pegou para ir até o carro. Ele foi se irritando porque o carro estava estacionado muito longe. Via que ele estava nervoso com aquilo. Chegou uma hora em que os outros chamaram ele para voltar, e me deixou no meio do caminho. Não me levou de refém porque o carro estava muito longe."
recorda Ana Alice, que diz ter ficado com a garganta seca naquele momento, tendo na cabeça pensamentos de preocupação com a mãe e a filha de dois anos e seis meses.
Célia Pasin
62 anos
Agricultora aposentada
Havia ido com a filha (Ana Alice Pasin) ao Banco do Brasil para sacar dinheiro. Recorda ter visto na sua frente, de supetão, um sujeito de roupa camuflada e com fuzil na mão. Relata ter ficado desesperada. Sua primeira reação, ao se jogar ao chão, foi trazer a filha junto, a agarrando nos braços. O momento de maior tensão foi quando um dos assaltantes levou Ana Alice para abrir o veículo Ford Ka usado por elas.
"Foi o maior pavor. Imaginei que iriam usar o carro para fugir e levá-la junto. Só não aconteceu porque outro assaltante se irritou e chamou o comparsa para ir embora, disse que já tinha se passado muito tempo. Só queria poder fugir daquele momento."
Vilce Vidalis
49 anos
Extensionista rural
Está se tornando veterana em ser vítima de assaltos a banco. Foi a segunda ocasião que isso ocorreu com ela em Ibiraiaras. No ataque da última segunda-feira (3), estava pagando um boleto no Banrisul. Ouviu uma freada brusca e longa. Sobressaltada, buscou ver o que acontecia na rua principal de Ibiraiaras, mas, ao visualizar homens com roupas camufladas, pensou se tratar de operação do Exército. Até chegou a se sentir segura no primeiro momento.
"Na minha cabeça, era o Exército dando uma batida por causa de droga (esta função seria da Brigada Militar ou da Polícia Civil). Até que vieram uns três com fuzil e mandaram a gente deitar. A única coisa que me passou na cabeça era que tinha de entregar a Deus. Eu estava tranquila, mas vimos pessoas com sintomas de pânico."
detalha a extensionta que, por coincidência, estava no cordão humano junto com o ex-marido Alberto Zulpo, que chegou a ser levado como refém.
Edinilson da Silva, o Tucho,
21 anos
Ajudante em loja de automóveis
Estava de aniversário no dia do assalto e, no início da tarde, foi levar a mãe ao Banrisul. Enquanto ela ingressou na agência, ficou aguardando no carro, estacionado do outro lado da rua, onde havia sombra. Quando os assaltantes chegaram dando tiros para o alto, Tucho ainda tentou se esconder, mas acabou descoberto por um dos ladrões. De imediato, recebeu a ordem para sair do carro, tirar a camisa e dar as mãos às pessoas que estavam sendo obrigadas a formar o cordão humano.
"Em nenhum momento pensei em mim. Pensava na minha mãe, que estava lá dentro, onde toda hora tinha tiro. Só depois que fiquei sabendo que minha mãe passou mal. Eles (assaltantes) deixaram que outra mulher a tirasse para o lado de fora. Levaram-na até uma loja. Depois, passou mal de novo, baixou a pressão e teve de ir ao hospital."
Fábio Begnini
34 anos
Empresário
Havia ido até o Banrisul pagar boletos da sua loja. Ouviu o som de pneus de carro freando e, logo depois, o anúncio do assalto.
"O que senti mais foi ver pessoas de idade passando mal. Alguns assaltantes estavam sendo agressivos. Isso que mais me deixava triste. Tivemos pessoas que chegaram a desmaiar ali."
Alberto Zulpo
52 anos
Agricultor
Estava no Banrisul para fazer depósito. Foi levado de refém pelos assaltantes no porta-malas de um dos veículos usados na fuga. Sua ex-mulher, Vilce Vidalis, também estava no cordão humano. Quando os criminosos chegaram a uma propriedade rural, determinaram que Zulpo abrisse a porteira. Ele relata que, naquele momento, os ladrões estavam nervosos e apressados.
"Esqueceram de mim, meio que me abandonaram. Aí saí correndo."
relata o homem, explicando que os assaltantes não exigiram seu retorno ao porta-malas. A partir daquele momento, encontrou policiais, identificou-se como um dos reféns e, depois, conseguiu carona para retornar.
Policial militar à paisana que estava nos bancos
Pessoas que conhecem o brigadiano dizem que, mesmo fora de serviço, o servidor tem o hábito de sempre andar armado. Os vigias costumavam permitir o seu ingresso nas agências com revólver por saber que é policial da comunidade. No dia do assalto, teria deixado o armamento no banco traseiro do carro. Conhecidos estão considerando o fato uma sorte do destino. Os ladrões mandaram os homens tirarem as camisas, justamente para verificar se portavam armas na cintura. Se fosse flagrado e, pior, se os criminosos desconfiassem que se tratava de um policial, as consequências poderiam ter sido trágicas. Embora não tenha se ferido, o brigadiano também foi levado como refém.