Não existem receitas prontas para dar disciplina aos filhos, mas há um ponto que é unanimidade entre os especialistas em comportamento infantil: violência não educa. Levar disciplina à rotina das crianças e saber lidar com aspectos naturais do crescimento, como a birra, o medo e a imprudência, exigem tolerância e cuidado para que, na ânsia de educar, os pais não se tornem algozes da saúde socioemocional dos filhos.

O caminho é árduo e traz desafios individuais, mas os especialistas dão dicas que podem servir de atalho.

Devo deixar meu filho de castigo? Essa talvez seja uma das grandes dúvidas entre os pais sobre educação, mas os especialistas são unânimes em dizer que disciplina não tem nada a ver com castigo. Pediatra especialista em comportamento e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Ricardo Halpern explica que a disciplina está mais relacionada ao padrão de certo e errado que estabelecemos aos filhos (sem fazer julgamento moral) do que à punição. – Uma forma eficaz é mostrar que atitudes erradas geram consequências. Selma Fraiberg (autora referência em psicologia infantil) diz que uma criança sem disciplina é uma criança que não se sente amada. O “não” é uma palavra poderosa e terapêutica e deve ser usada para o bom desenvolvimento. Evito utilizar a palavra castigo, que remete a punição de algo ou mesmo a algo realizado com uma intenção de dano. Na maioria das vezes, não é isso que acontece em uma infância típica – afirma Halpern.

Cada etapa do desenvolvimento tem momentos decisivos de disciplina e, desde o primeiro ano de vida, existe a necessidade de limitar algumas ações. À medida que a criança adquire habilidades e autonomia, essas questões ficam mais complexas. A tentativa de disciplinar da mesma forma crianças de idades diferentes é, em geral, fadada ao fracasso e causa mais dano do que resultado. O entendimento de que existem consequências para as escolhas trará o aprendizado, e a consistência de como isso é colocado vai trazer o tão esperado comportamento correto.

– Os pais devem estar no controle da situação. Isso significa ter a clareza de que o comportamento do filho foi equivocado e mostrar a consequência daquilo. Em geral, quando os pais estão inseguros, usam medidas equivocadas para tentar “forçar” uma disciplina, e o resultado tende a ser desastroso – diz Halpern.

Desde o nascimento até completar três anos, são pelos menos seis os possíveis momentos de "crise"  do bebê. Podem ser períodos de muita manha e birra, mas é importante que se saiba que estão relacionados aos saltos de desenvolvimento e picos de crescimento da criança.

- Toda crise ocorre porque o bebê vai sofisticando a sua maneira de ver o mundo à medida que vai se desenvolvendo. Ele assimila uma situação e entra em desiquilíbrio, o que é fundamental para que chegue à etapa seguinte, que é a da adaptação - afirma a pediatra Ana Márcia Guimarães Alves.

Conheça esses momentos e saiba como lidar com eles.

Quais as formas mais indicadas para disciplinar? Advertência Dar um tempo para as crianças se acalmarem, auxiliando o autocontrole Tentar reproduzir a situação da maneira certa Planejar-se, pois alguns 
comportamentos são previsíveis Ter humor – quando conseguimos achar naquilo algo de engraçado e mostrar para a criança. É importante não confundir com sarcasmo, que é rir da criança Em alguns casos, limitar situações de brincadeira ou uma programação já montada – mas isso depende do contexto e não deve ser uma prática comum
E o que nunca fazer? Palmadas Causar vergonha ou humilhação Comparar a criança com outras “bem educadas” Restringir a comida ou utilizá-la como recompensa Restringir afeto ou ameaçar abandono Como lidar com as birras? Segundo o pediatra Ricardo Halpern, em geral, a birra é normal nos primeiros três anos. Nesse período, as crianças ainda olham para si como o centro, e seu desejo é absoluto, o que dificulta alguns manejos e explica o querer absoluto ou o “é meu”. É necessário trabalhar isso ajudando a criança a controlar as emoções. Depois dessa idade, existe entendimento melhor dos sentimentos e, com isso, a criança começa a reconhecer as emoções dos outros – o que pode fazê-la prever os efeitos do seu comportamento e o que isso causará nos outros.
Meu filho está mentindo. O que fazer? É comum crianças pequenas mentirem. Elas precisam aceitar um mundo que nem sempre é do jeito que elas gostariam. Muitas vezes, buscam na mentira o mundo ideal desejado por elas. Nessa situação, os pais perguntam quem fez determinada coisa, e as crianças podem ter respostas como: “Foi a boneca”. Deve-se mostrar tranquilidade, que sabe que é mentira, e orientar a criança. Segundo Halpern, as crianças mais velhas mentem de forma mais elaborada, por vezes com medo das consequências. Quando existe um modelo em que os pais colocam muita culpa na criança e sempre criam uma agenda negativa com as coisas que ela faz, as mentiras ou omissões podem ser mais frequentes. Deve ficar claro que o melhor enfrentamento inicial é tratar o assunto com tranquilidade, oferecendo o acolhimento e não vendo a criança como se ela tivesse como objetivo enganar os pais.

Não existem receitas prontas para dar disciplina aos filhos, mas há um ponto que é unanimidade entre os especialistas em comportamento infantil: violência não educa. Levar disciplina à rotina das crianças e saber lidar com aspectos naturais

do crescimento, como a birra, o medo e a imprudência, exigem tolerância e cuidado para que, na ânsia de educar, os pais não se tornem algozes da saúde socioemocional dos filhos.

O caminho é árduo e traz desafios individuais, mas os especialistas dão dicas que podem servir de atalho.

Devo deixar meu filho de castigo? Essa talvez seja uma das grandes dúvidas entre os pais sobre educação, mas os especialistas são unânimes em dizer que disciplina não tem nada a ver com castigo. Pediatra especialista em comportamento e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Ricardo Halpern explica que a disciplina está mais relacionada ao padrão de certo e errado que estabelecemos aos filhos (sem fazer julgamento moral) do que à punição. – Uma forma eficaz é mostrar que atitudes erradas geram consequências. Selma Fraiberg (autora referência em psicologia infantil) diz que uma criança sem disciplina é uma criança que não se sente amada. O “não” é uma palavra poderosa e terapêutica e deve ser usada para o bom desenvolvimento. Evito utilizar a palavra castigo, que remete a punição de algo ou mesmo a algo realizado com uma intenção de dano. Na maioria das vezes, não é isso que acontece em uma infância típica – afirma Halpern. Cada etapa do desenvolvimento tem momentos decisivos de disciplina e, desde o primeiro ano de vida, existe a necessidade de limitar algumas ações. À medida que a criança adquire habilidades e autonomia, essas questões ficam mais complexas. A tentativa de disciplinar da mesma forma crianças de idades diferentes é, em geral, fadada ao fracasso e causa mais dano do que resultado. O entendimento de que existem consequências para as escolhas trará o aprendizado, e a consistência de como isso é colocado vai trazer o tão esperado comportamento correto. – Os pais devem estar no controle da situação. Isso significa ter a clareza de que o comportamento do filho foi equivocado e mostrar a consequência daquilo. Em geral, quando os pais estão inseguros, usam medidas equivocadas para tentar “forçar” uma disciplina, e o resultado tende a ser desastroso – diz Halpern.

Desde o nascimento até completar três anos, são pelos menos seis os possíveis momentos de "crise"  do bebê. Podem ser períodos de muita manha e birra, mas é importante que se saiba que estão relacionados aos saltos de desenvolvimento e picos de crescimento da criança.

– Toda crise ocorre porque o bebê vai sofisticando a sua maneira de ver o mundo à medida que vai se desenvolvendo. Ele assimila uma situação e entra em desiquilíbrio, o que é fundamental para que chegue à etapa seguinte, que é a da adaptação – afirma a pediatra Ana Márcia Guimarães Alves.

Conheça esses momentos e saiba como lidar com eles.

Quais as formas mais indicadas para disciplinar? Advertência Dar um tempo para as crianças se acalmarem, auxiliando o autocontrole Tentar reproduzir a situação da maneira certa Planejar-se, pois alguns comportamentos são previsíveis Ter humor – quando conseguimos achar naquilo algo de engraçado e mostrar para a criança. É importante não confundir com sarcasmo, que é rir da criança Em alguns casos, limitar situações de brincadeira ou uma programação já montada – mas isso depende do contexto e não deve ser uma prática comum E o que nunca fazer? Palmadas Causar vergonha ou humilhação Comparar a criança com outras “bem educadas” Restringir a comida ou utilizá-la como recompensa Restringir afeto ou ameaçar abandono Meu filho está mentindo. O que fazer? É comum crianças pequenas mentirem. Elas precisam aceitar um mundo que nem sempre é do jeito que elas gostariam. Muitas vezes, buscam na mentira o mundo ideal desejado por elas. Nessa situação, os pais perguntam quem fez determinada coisa, e as crianças podem ter respostas como: “Foi a boneca”. Deve-se mostrar tranquilidade, que sabe que é mentira, e orientar a criança. Segundo Halpern, as crianças mais velhas mentem de forma mais elaborada, por vezes com medo das consequências. Quando existe um modelo em que os pais colocam muita culpa na criança e sempre criam uma agenda negativa com as coisas que ela faz, as mentiras ou omissões podem ser mais frequentes. Deve ficar claro que o melhor enfrentamento inicial é tratar o assunto com tranquilidade, oferecendo o acolhimento e não vendo a criança como se ela tivesse como objetivo enganar os pais. Como lidar com as birras? Segundo o pediatra Ricardo Halpern, em geral, a birra é normal nos primeiros três anos. Nesse período, as crianças ainda olham para si como o centro, e seu desejo é absoluto, o que dificulta alguns manejos e explica o querer absoluto ou o “é meu”. É necessário trabalhar isso ajudando a criança a controlar as emoções. Depois dessa idade, existe entendimento melhor dos sentimentos e, com isso, a criança começa a reconhecer as emoções dos outros – o que pode fazê-la prever os efeitos do seu comportamento e o que isso causará nos outros.