Ter uma alimentação saudável e variada é um hábito que começa a ser exercitado muito cedo, antes mesmo do nascimento, quando o bebê ainda está na barriga da mãe. O papel dos pais é essencial durante a infância e, em rotinas cada vez mais aceleradas, pode ser difícil encontrar tempo para comprar e preparar os ingredientes ideais. Mas especialistas garantem que o esforço vale a pena.

– Pensar sobre a alimentação é muito importante. Isso faz parte da pessoa, forma ela. É algo para se chegar bem lá na frente – destaca a nutricionista Luísa Rihl Castro, professora da Unisinos.

Como fazer a introdução alimentar? O aleitamento materno exclusivo precisa ser mantido até os seis meses, quando deve começar a introdução alimentar – e, a partir daí, junto com a oferta gradual de outros alimentos, recomenda-se que a amamentação prossiga até os dois anos. Sempre sob orientação do pediatra, os pais devem começar oferecendo frutas, amassadas ou raspadas, e uma papa preparada com ingredientes de todos os grupos alimentares – proteína, legume e carboidrato, que estão representados, por exemplo, em uma mistura de carne, cenoura e arroz. Um mês mais tarde, no sétimo, entram as leguminosas, como feijões e lentilhas, também amassados com o garfo. Nessa idade, o cardápio já pode conter duas refeições (almoço e jantar) e duas porções de frutas. Daí por diante, o que muda não é tanto a variedade, mas o modo de preparo: a papa, que no início era bem amassadinha, vai dando lugar a uma versão contendo pedaços cada vez maiores, até que a criança consiga, por volta dos 10 meses, mastigar e ingerir um pedaço, bem cozido, inteiro. Esse processo é fundamental para que ela exercite a mastigação. Dicas importantes: fuja dos temperos industrializados, apostando em ervas, cebola e alho. Não refogue os ingredientes em óleo – acrescente-o ao final do preparo. Não é necessário usar sal.
E a bagunça? Berenice Lempek dos Santos, nutróloga pediátrica e presidente do Comitê de Nutrologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, diz que não se deve evitar a bagunça que o bebê tende a fazer na cadeira de papar, pegando a comida com as mãos e a espalhando por tudo. Mamães e papais, relaxem. – É importante, desde as primeiras refeições, o contato com o alimento: deixar a criança colocar a mão, cheirar, se lambuzar e se sujar. É a partir disso que ela vai conhecer o alimento. A sensibilidade maior é o tato, e assim se vão desenvolvendo os outros sentidos. É essencial que ela tenha prazer em ingerir o alimento – comenta Berenice.

a alimentação saudávelUse a rolagem lateralDescubra alguns métodos para tornar o paladar dos pequenos (e a vida da família) mais saudável.Não vincule comida a emoçõesQuando você elogia uma criança por terminar seu prato ou dá um doce a ela como premiação ou consolo, faz com que ela associe as refeições a sentimentos e tenha dificuldades para compreender porque deve comer também coisas que não lhe agradam.– A mensagem da recompensa é ruim. A criança precisa entender que tomar refrigerante é algo que acontece algumas vezes, que é gostoso, mas não faz bem. Quando o pai diz que, se ela se comportar, vai tomar refrigerante, ela vai achar que aquilo é um prêmio – explica o gastroenterologista e nutrólogo pediátrico José Vicente Spolidoro.Incentive, mas não pressioneA recusa de alguns alimentos e refeições faz parte do processo, e é nela que os pais precisam se manter firmes. É preciso persistir, mas nunca forçar a criança a comer algo. E não ceder a pressões: um almoço mal aproveitado não pode ser substituído por um pacote de biscoitos, por exemplo. A criança não terá problemas nutricionais se ficar sem uma refeição eventualmente.Paciência é ainda mais importante ao introduzir alimentos novos. Incentive seu filho a provar e, se ele não gostar, não desista. Uma criança precisa de 12 (ou até mais) degustações antes de aceitar algo.Não transforme guloseimas
em tabus
Se você não quer que seu filho idolatre guloseimas, não as proíba. O ideal é fazê-lo entender que, embora sejam saborosas, não são saudáveis.– Mesmo que os pais não ofereçam, a criança vai ter contato com as guloseimas. A ideia é controlar: oferecer algo mais saudável antes, combinar o tamanho da sobremesa, que tem de ser proporcional ao tamanho da criança – recomenda a nutricionista especialista em nutrição materno-infantil Ana Carolina Terrazzan.
Nunca faça chantagemQuando você diz a uma criança que ela só vai ganhar a sobremesa se comer o almoço, não está estabelecendo uma regra, mas fazendo chantagem. E a mensagem que isso transmite é perigosa: a refeição não é tão boa quanto a guloseima. Se o seu filho achar que a sobremesa é melhor do que o almoço, é natural que prefira ela.Leve seu filho para a cozinhaCrianças são curiosas e adoram desafios. Use isso a favor da boa alimentação, colocando-as em contato com os alimentos e sua preparação desde cedo.– Quando se consegue levar as crianças para a cozinha, elas começam a se interessar mais pela comida. No fim de semana, por exemplo, em vez de ir a um fast food, convide-a para fazer hambúrguer em casa – diz Ana Carolina Terrazzan.Não há idade para começar. Bebês podem apenas assistir, enquanto crianças a partir de dois anos podem ajudar com tarefas simples, como quebrar um ovo. Conversar com as crianças sobre frutas, legumes e verduras, e levá-las à feira também é uma boa maneira de facilitar a aceitação desses alimentos.Socialize à mesaA comida é algo social e reunir a família à mesa é importante para criar e fortalecer vínculos. Se a rotina estiver corrida, programe-se para fazer pelo menos uma refeição em família diariamente. Tente fazer esses momentos serem divertidos, e aproveite para criar rituais como, por exemplo, estimular que as crianças contem sobre o seu dia. Quando possível, convide crianças que tenham bons hábitos alimentares para fazerem refeições na sua casa. O bom exemplo dos pares pode ser contagioso.Dê o exemploAs crianças tendem a reproduzir o que veem em casa. Ou seja, se você pula da salada para o bife à milanesa, dificilmente seu filho será espontaneamente louco por alface. E sua autoridade para cobrar que ele consuma o vegetal ficará abalada. Se a família tem maus hábitos, a chegada de um novo membro é uma ótima oportunidade para melhorar o consumo de todos – ninguém disse que será fácil. Caso a boa alimentação já seja rotina, aproveite para avançar: mostre prazer ao comer sua refeição, mastigando devagar e apreciando o alimento. Seu filho irá imitá-lo.Comida caseira é sempre melhorNão há produto industrializado que substitua uma boa comida caseira. Esse tipo de produto em geral contém conservantes e um índice de sódio mais elevado do que o sal que é acrescentado no preparo caseiro. Além disso, nutrientes importantes, como as fibras, se perdem durante o processamento dos alimentos.Estabeleça regrasEstabelecer uma rotina com regras que todos conheçam é fundamental. O que comer, onde e quando são decisões que cabem aos adultos.– Em geral, se orientam duas refeições principais, almoço e janta, com alimentos variados: carboidrato, proteína animal e vegetais crus. Mais um lanche pela manhã e um à tarde – diz José Vicente Spolidoro.Para ajudar nessa tarefa e direcionar a fome da criança para as refeições que mais importam, uma dica é criar regras específicas da casa. Por exemplo: a criança tem permissão para comer um pedaço de fruta quando quiser, mas tem de pedir para comer qualquer outra coisa.123456789

Como lidar com as primeiras recusas? Você pode deparar, às vezes, com caretas de nojo e até ter a impressão de que o bebê vai vomitar o que acabou de engolir. São reações normais, e não uma prova de que seu filho não gosta daquela comida. Cada alimento deve ser oferecido de 10 a 12 vezes, na mesma forma de preparação e em diferentes refeições. Por exemplo, a beterraba: você prepara um purê para o almoço, e a criança recusa. Ao final da refeição, tenta de novo. No jantar, tenta outra vez. – Um erro frequente é que, num dia, você oferece beterraba, e a criança não aceita. No outro dia, oferece chuchu, e no outro, um terceiro legume, gerando sempre a ansiedade de experimentação de algo novo. Se teve alguma rejeição, a criança tem que ser exposta àquele alimento outras vezes. Ela aprende por repetição – explica Berenice. Há que se tentar, mas sem submeter 
o bebê a algum tipo de mal-estar. – Insistir não é obrigar a comer – frisa a médica.
Quando a criança desenvolve o paladar? O bebê começa a se alimentar e a formar o paladar ainda no ventre da mãe. Durante a gestação, a qualidade da dieta da mãe é superimportante, uma vez que ela repassa ao feto os nutrientes que ingere, fundamentais para a boa formação e o desenvolvimento saudável do filho. Quanto mais adequada e variada a alimentação da grávida, melhor – é fundamental incluir carboidratos (preferencialmente integrais), frutas, verduras, legumes e proteínas, evitando, entre outros itens, açúcar e alimentos crus, como sushi. Não se esqueça de higienizar bem as verduras. Mais adiante, a criança tenderá a aceitar melhor os sabores com os quais já estava habituada na vida intrauterina. Ainda que muitos acreditem que “grávida deve comer por dois”, essa ideia já foi abandonada. A gestante precisa aumentar um pouco a ingestão calórica (entre 300 e 400 calorias diárias a mais, de acordo com o trimestre), e a quantidade de peso que pode ganhar depende do peso e da alimentação pré-gestacionais. A orientação de um profissional pode deixar tudo mais claro e prático.
de segunda a sexta

Para facilitar o dia a dia dos pais, a nutricionista Ana Carolina Terrazzan indica cinco merendas saudáveis paras as crianças, uma para cada dia da semana. As quantidades variam de acordo com a idade, o peso e a frequência de atividades físicas realizadas por cada criança.

Segunda-feira Uma porção de manga picada Uma fatia de bolo preparado com farinha integral e um pouco de castanhas e frutas secas Água ou suco natural Quinta-feira Fatias de melão picado Um sanduíche feito com pão integral, creme de queijo e cenoura ralada Água ou suco natural Terça-feira Uma bergamota Um pão de queijo de tamanho médio (de preferência caseiro) Água ou suco natural Sexta-feira Um cacho de uva Cookies integrais Cubos de queijo branco Água ou suco natural Quarta-feira Um iogurte natural Morangos Biscoito de arroz Água
Como saber se a criança está satisfeita? A criança vai sinalizar que não quer mais – virando a cabeça, empurrando o prato. Nem sempre ela vai comer a mesma quantidade em todas as refeições, todos os dias, e é normal que isso aconteça. Seu filho pode se alimentar muito bem hoje e passar dois ou três dias ingerindo menos. Trate com naturalidade recusas específicas – hoje ele quis comer só o feijão ou só a carne –, sem deixar de apresentar outros alimentos. Não se deve nunca forçar a criança a comer, 
prática que pode levar à obesidade. É fundamental comparecer às consultas com o pediatra para que se faça o acompanhamento adequado do desenvolvimento. Se seu filho está crescendo bem, ganhando peso de forma adequada, não tendo infecções de repetição nem apresentando qualquer sintoma de deficiência nutricional, é preciso respeitar sua saciedade, sem deixar de oferecer o alimento.
De que forma lidar com os “chatos para comer”? A criança que vai crescendo com um paladar muito seletivo, impondo várias restrições à mesa, precisa “dar alguns passos para trás”, segundo a nutróloga pediátrica Berenice Lempek dos Santos. É necessária uma prática semelhante à que foi adotada na introdução alimentar com o bebê. Exponha seu filho ao alimento que costuma não ser aceito, tentando múltiplas apresentações. Há crianças hipersensíveis, que não gostam da comida só de olhar, e é preciso promover uma aproximação gradual até que se possa vencer essa repulsa. O processo pode ser demorado. – A seletividade alimentar por longo período é algo bem danoso. Essas crianças podem apresentar mais problemas de cognição e de crescimento – adverte Berenice. Evite dar complexos vitamínicos por indicação de amigos ou familiares. A constatação de alguma deficiência e a prescrição de uma eventual complementação devem ficar a cargo do médico. Quais hábitos os pais devem (e não devem) manter? Adote boas práticas: faça exercícios físicos, monte pratos variados e coloridos, beba bastante água, dispense o refrigerante (inclusive as versões zero açúcar, que crianças não devem ingerir). Incentive o consumo de frutas e facilite o acesso a elas: mantenha opções à vista, em uma fruteira, ou porções já prontas na geladeira, para que as crianças se sirvam quando sentirem fome. _ Quem não é visto não é lembrado _ diz a nutricionista Luísa. É importante que pelo menos uma das principais refeições do dia conte com a presença de toda a família, sem distrações _ hora de desligar a televisão e deixar o celular e o tablet de lado, para investir na conversa. O bebê também tem de participar desses momentos, sentado no cadeirão, que deve ser posicionado junto à mesa. Evite deixá-lo preso ao carrinho, numa posição que o priva do convívio e da observação dos demais. Luísa dá uma dica para o tempo livre _ ainda que seja pouco _ das famílias: convidar as crianças para participarem do preparo de alguma receita na cozinha. Pode ser algo simples, como um sanduíche ou um bolo rápido. O mais importante é a interação e o afeto envolvido na atividade.
como saber se meu filho está comendo na quantidade certa? O acompanhamento médico é essencial para responder a essa questão. Durante os dois primeiros anos, os pais costumam levar os filhos com frequência ao pediatra e, depois, as consultas acabam ficando mais espaçadas, ocorrendo apenas quando surge algum sintoma específico. O ideal é que o especialista avalie a criança pelo menos duas vezes ao ano, assim os desvios serão constatados logo e corrigidos no tempo certo. Se a criança estiver engordando muito ou crescendo menos do que o esperado para a faixa etária, o profissional poderá orientar adequações na dieta. Luísa Rihl Castro, nutricionista e professora da Unisinos, ressalta que os pequenos devem ter pratos e talheres menores, para melhor manuseio. É importante atentar para o tamanho das porções servidas – não se pode oferecer a eles uma refeição com quantidade quase igual à dos adultos. O prato da criança tem mais ou menos a metade da porção de comida do que dos pais. Observe os intervalos entre as refeições. Se seu filho manifesta estar com fome ou vontade de comer pouco tempo depois da última refeição, ou se insiste para ganhar bolachas a toda hora, pode ser sinal de que algo está lhe provocando ansiedade. Consulte também a escola sobre o comportamento dele em relação à comida: está comendo fora de hora? Exagerando na hora do lanche? Comendo algo além do que é mandado na lancheira? Qual o limite para As guloseimas? Tenha bom senso, sem ir aos extremos. Converse com seu filho, faça combinações, estabeleça limites. O exemplo dos pais é fundamental. De nada adianta investir no discurso da moderação e depois preparar uma torta de chocolate, dando à criança um pedaço minúsculo e se fartando com todo o resto na frente dela. – A criança aprende muito mais pelo que está vendo do que pela fala – diz Berenice. Restringir o consumo de doces aos dias festivos pode não ser uma boa ideia quando a agenda social da criança e da família são muito movimentadas. Visualize o volume de compromissos: em um calendário, assinale todas as datas em que há celebrações para as quais seu filho foi convidado. São muitas? Recomenda-se que essas ocasiões e os finais de semana não sejam momentos de “pode tudo” – faça concessões, mas sem liberar o consumo ilimitado. – Deve-se evitar as guloseimas durante a semana e deixá-las para um momento fora da rotina – aconselha a nutricionista Luísa Rihl Castro. – A criança tem que saber que aquilo não é a base da dieta da família, mas que faz parte do mundo. Não dá para ela ficar numa bolha – acrescenta. Na sobremesa, priorize frutas e produtos mais naturais, como mel e açúcar mascavo.

Ter uma alimentação saudável e variada é um hábito que começa a ser exercitado muito cedo, antes mesmo do nascimento, quando o bebê ainda está na barriga da mãe. O papel dos pais é essencial durante a infância e, em rotinas cada vez mais aceleradas, pode ser difícil encontrar tempo para comprar e preparar os ingredientes ideais. Mas especialistas garantem que o esforço vale a pena.

– Pensar sobre a alimentação é muito importante. Isso faz parte da pessoa, forma ela. É algo para se chegar bem lá na frente – destaca a nutricionista Luísa Rihl Castro, professora da Unisinos.

Como fazer a introdução alimentar? O aleitamento materno exclusivo precisa ser mantido até os seis meses, quando deve começar a introdução alimentar – e, a partir daí, junto com a oferta gradual de outros alimentos, recomenda-se que a amamentação prossiga até os dois anos. Sempre sob orientação do pediatra, os pais devem começar oferecendo frutas, amassadas ou raspadas, e uma papa preparada com ingredientes de todos os grupos alimentares – proteína, legume e carboidrato, que estão representados, por exemplo, em uma mistura de carne, cenoura e arroz. Um mês mais tarde, no sétimo, entram as leguminosas, como feijões e lentilhas, também amassados com o garfo. Nessa idade, o cardápio já pode conter duas refeições (almoço e jantar) e duas porções de frutas. Daí por diante, o que muda não é tanto a variedade, mas o modo de preparo: a papa, que no início era bem amassadinha, vai dando lugar a uma versão contendo pedaços cada vez maiores, até que a criança consiga, por volta dos 10 meses, mastigar e ingerir um pedaço, bem cozido, inteiro. Esse processo é fundamental para que ela exercite a mastigação. Dicas importantes: fuja dos temperos industrializados, apostando em ervas, cebola e alho. Não refogue os ingredientes em óleo – acrescente-o ao final do preparo. Não é necessário usar sal. E a bagunça? Berenice Lempek dos Santos, nutróloga pediátrica e presidente do Comitê de Nutrologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, diz que não se deve evitar a bagunça que o bebê tende a fazer na cadeira de papar, pegando a comida com as mãos e a espalhando por tudo. Mamães e papais, relaxem. – É importante, desde as primeiras refeições, o contato com o alimento: deixar a criança colocar a mão, cheirar, se lambuzar e se sujar. É a partir disso que ela vai conhecer o alimento. A sensibilidade maior é o tato, e assim se vão desenvolvendo os outros sentidos. É essencial que ela tenha prazer em ingerir o alimento – comenta Berenice.

alimentação saudávelNão vincule comida a emoçõesQuando você elogia uma criança por terminar seu prato ou dá um doce a ela como premiação ou consolo, faz com que ela associe as refeições a sentimentos e tenha dificuldades para compreender porque deve comer também coisas que não lhe agradam.– A mensagem da recompensa é ruim. A criança precisa entender que tomar refrigerante é algo que acontece algumas vezes, que é gostoso, mas não faz bem. Quando o pai diz que, se ela se comportar, vai tomar refrigerante, ela vai achar que aquilo é um prêmio – explica o gastroenterologista e nutrólogo pediátrico José Vicente Spolidoro.Incentive, mas não pressioneA recusa de alguns alimentos e refeições faz parte do processo, e é nela que os pais precisam se manter firmes. É preciso persistir, mas nunca forçar a criança a comer algo. E não ceder a pressões: um almoço mal aproveitado não pode ser substituído por um pacote de biscoitos, por exemplo. A criança não terá problemas nutricionais se ficar sem uma refeição eventualmente.Paciência é ainda mais importante ao introduzir alimentos novos. Incentive seu filho a provar e, se ele não gostar, não desista. Uma criança precisa de 12 (ou até mais) degustações antes de aceitar algo.Não transforme guloseimas
em tabus
Se você não quer que seu filho idolatre guloseimas, não as proíba. O ideal é fazê-lo entender que, embora sejam saborosas, não são saudáveis.– Mesmo que os pais não ofereçam, a criança vai ter contato com as guloseimas. A ideia é controlar: oferecer algo mais saudável antes, combinar o tamanho da sobremesa, que tem de ser proporcional ao tamanho da criança – recomenda a nutricionista especialista em nutrição materno-infantil Ana Carolina Terrazzan.
Leve seu filho para a cozinhaCrianças são curiosas e adoram desafios. Use isso a favor da boa alimentação, colocando-as em contato com os alimentos e sua preparação desde cedo.– Quando se consegue levar as crianças para a cozinha, elas começam a se interessar mais pela comida. No fim de semana, por exemplo, em vez de ir a um fast food, convide-a para fazer hambúrguer em casa – diz Ana Carolina Terrazzan.Não há idade para começar. Bebês podem apenas assistir, enquanto crianças a partir de dois anos podem ajudar com tarefas simples, como quebrar um ovo. Conversar com as crianças sobre  frutas, legumes e verduras, e levá-las à feira também é uma boa maneira de facilitar a aceitação desses alimentos.Socialize à mesaA comida é algo social e reunir a família à mesa é importante para criar e fortalecer vínculos. Se a rotina estiver corrida, programe-se para fazer pelo menos uma refeição em família diariamente.  Tente fazer esses momentos serem divertidos, e aproveite para criar rituais como, por exemplo, estimular que as crianças contem sobre o seu dia. Quando possível, convide crianças que tenham bons hábitos alimentares para fazerem refeições na sua casa. O bom exemplo dos pares pode ser contagioso.Dê o exemploAs crianças tendem a reproduzir o que veem em casa. Ou seja, se você pula da salada para o bife à milanesa, dificilmente seu filho será espontaneamente louco por alface. E sua autoridade para cobrar que ele consuma o vegetal ficará abalada. Se a família tem maus hábitos, a chegada de um novo membro é uma ótima oportunidade para melhorar o consumo de todos – ninguém disse que será fácil. Caso a boa alimentação já seja rotina, aproveite para avançar: mostre prazer ao comer sua refeição, mastigando devagar e apreciando o alimento. Seu filho irá imitá-lo.Estabeleça regrasEstabelecer uma rotina com regras que todos conheçam é fundamental. O que comer, onde e quando são decisões que cabem aos adultos.– Em geral, se orientam duas refeições principais, almoço e janta, com alimentos variados: carboidrato, proteína animal e vegetais crus. Mais um lanche pela manhã e um à tarde – diz José Vicente Spolidoro.Para ajudar nessa tarefa e direcionar a fome da criança para as refeições que mais importam, uma dica é criar regras específicas da casa. Por exemplo: a criança tem permissão para comer um pedaço de fruta quando quiser, mas tem de pedir para comer qualquer outra coisa.Comida caseira é sempre melhorNão há produto industrializado que substitua uma boa comida caseira. Esse tipo de produto em geral contém conservantes e um índice de sódio mais elevado do que o sal que é acrescentado no preparo caseiro. Além disso, nutrientes importantes, como as fibras, se perdem durante o processamento dos alimentos.Nunca faça chantagemQuando você diz a uma criança que ela só vai ganhar a sobremesa se comer o almoço, não está estabelecendo uma regra, mas fazendo chantagem. E a mensagem que isso transmite é perigosa: a refeição não é tão boa quanto a guloseima. Se o seu filho achar que a sobremesa é melhor do que o almoço, é natural que prefira ela.Use a rolagem lateralDescubra alguns métodos para tornar o paladar dos pequenos (e a vida da família) mais saudável.123567984

Como lidar com as primeiras recusas? Você pode deparar, às vezes, com caretas de nojo e até ter a impressão de que o bebê vai vomitar o que acabou de engolir. São reações normais, e não uma prova de que seu filho não gosta daquela comida. Cada alimento deve ser oferecido de 10 a 12 vezes, na mesma forma de preparação e em diferentes refeições. Por exemplo, a beterraba: você prepara um purê para o almoço, e a criança recusa. Ao final da refeição, tenta de novo. No jantar, tenta outra vez. – Um erro frequente é que, num dia, você oferece beterraba, e a criança não aceita. No outro dia, oferece chuchu, e no outro, um terceiro legume, gerando sempre a ansiedade de experimentação de algo novo. Se teve alguma rejeição, a criança tem que ser exposta àquele alimento outras vezes. Ela aprende por repetição – explica Berenice. Há que se tentar, mas sem submeter o bebê a algum tipo de mal-estar. – Insistir não é obrigar a comer – frisa a médica. Quando a criança desenvolve o paladar? O bebê começa a se alimentar e a formar o paladar ainda no ventre da mãe. Durante a gestação, a qualidade da dieta da mãe é superimportante, uma vez que ela repassa ao feto os nutrientes que ingere, fundamentais para a boa formação e o desenvolvimento saudável do filho. Quanto mais adequada e variada a alimentação da grávida, melhor – é fundamental incluir carboidratos (preferencialmente integrais), frutas, verduras, legumes e proteínas, evitando, entre outros itens, açúcar e alimentos crus, como sushi. Não se esqueça de higienizar bem as verduras. Mais adiante, a criança tenderá a aceitar melhor os sabores com os quais já estava habituada na vida intrauterina. Ainda que muitos acreditem que “grávida deve comer por dois”, essa ideia já foi abandonada. A gestante precisa aumentar um pouco a ingestão calórica (entre 300 e 400 calorias diárias a mais, de acordo com o trimestre), e a quantidade de peso que pode ganhar depende do peso e da alimentação pré-gestacionais. A orientação de um profissional pode deixar tudo mais claro e prático. Como saber se a criança está satisfeita? A criança vai sinalizar que não quer mais – virando a cabeça, empurrando o prato. Nem sempre ela vai comer a mesma quantidade em todas as refeições, todos os dias, e é normal que isso aconteça. Seu filho pode se alimentar muito bem hoje e passar dois ou três dias ingerindo menos. Trate com naturalidade recusas específicas – hoje ele quis comer só o feijão ou só a carne –, sem deixar de apresentar outros alimentos. Não se deve nunca forçar a criança a comer, prática que pode levar à obesidade. É fundamental comparecer às consultas com o pediatra para que se faça o acompanhamento adequado do desenvolvimento. Se seu filho está crescendo bem, ganhando peso de forma adequada, não tendo infecções de repetição nem apresentando qualquer sintoma de deficiência nutricional, é preciso respeitar sua saciedade, sem deixar de oferecer o alimento.
de segunda a sexta

Para facilitar o dia a dia dos pais, a nutricionista Ana Carolina Terrazzan indica cinco merendas saudáveis paras as crianças, uma para cada dia da semana. As quantidades variam de acordo com a idade, peso e a frequência de atividades físicas realizadas por cada criança.

Segunda-feira Uma porção de manga picada Uma fatia de bolo preparado com farinha integral e um pouco de castanhas e frutas secas Água ou suco natural Terça-feira Uma bergamota Um pão de queijo de tamanho médio (de preferência caseiro) Água ou suco natural Quarta-feira Um iogurte natural Morangos Biscoito de arroz Água Quinta-feira Fatias de melão picado Um sanduíche feito com pão integral, creme de queijo e cenoura ralada Água ou suco natural Sexta-feira Um cacho de uva Cookies integrais Cubos de queijo branco Água ou suco natural
como saber se meu filho está comendo na quantidade certa? O acompanhamento médico é essencial para responder a essa questão. Durante os dois primeiros anos, os pais costumam levar os filhos com frequência ao pediatra e, depois, as consultas acabam ficando mais espaçadas, ocorrendo apenas quando surge algum sintoma específico. O ideal é que o especialista avalie a criança pelo menos duas vezes ao ano, assim os desvios serão constatados logo e corrigidos no tempo certo. Se a criança estiver engordando muito ou crescendo menos do que o esperado para a faixa etária, o profissional poderá orientar adequações na dieta. Luísa Rihl Castro, nutricionista e professora da Unisinos, ressalta que os pequenos devem ter pratos e talheres menores, para melhor manuseio. É importante atentar para o tamanho das porções servidas – não se pode oferecer a eles uma refeição com quantidade quase igual à dos adultos. O prato da criança tem mais ou menos a metade da porção de comida do que dos pais. Observe os intervalos entre as refeições. Se seu filho manifesta estar com fome ou vontade de comer pouco tempo depois da última refeição, ou se insiste para ganhar bolachas a toda hora, pode ser sinal de que algo está lhe provocando ansiedade. Consulte também a escola sobre o comportamento dele em relação à comida: está comendo fora de hora? Exagerando na hora do lanche? Comendo algo além do que é mandado na lancheira? De que forma lidar com os "chatos para comer"? A criança que vai crescendo com um paladar muito seletivo, impondo várias restrições à mesa, precisa “dar alguns passos para trás”, segundo a nutróloga pediátrica Berenice Lempek dos Santos. É necessária uma prática semelhante à que foi adotada na introdução alimentar com o bebê. Exponha seu filho ao alimento que costuma não ser aceito, tentando múltiplas apresentações. Há crianças hipersensíveis, que não gostam da comida só de olhar, e é preciso promover uma aproximação gradual até que se possa vencer essa repulsa. O processo pode ser demorado. – A seletividade alimentar por longo período é algo bem danoso. Essas crianças podem apresentar mais problemas de cognição e de crescimento – adverte Berenice. Evite dar complexos vitamínicos por indicação de amigos ou familiares. A constatação de alguma deficiência e a prescrição de uma eventual complementação devem ficar a cargo do médico. Qual o limite para o consumo de guloseimas? Tenha bom senso, sem ir aos extremos. Converse com seu filho, faça combinações, estabeleça limites. O exemplo dos pais é fundamental. De nada adianta investir no discurso da moderação e depois preparar uma torta de chocolate, dando à criança um pedaço minúsculo e se fartando com todo o resto na frente dela. – A criança aprende muito mais pelo que está vendo do que pela fala – diz Berenice. Restringir o consumo de doces aos dias festivos pode não ser uma boa ideia quando a agenda social da criança e da família são muito movimentadas. Visualize o volume de compromissos: em um calendário, assinale todas as datas em que há celebrações para as quais seu filho foi convidado. São muitas? Recomenda-se que essas ocasiões e os finais de semana não sejam momentos de “pode tudo” – faça concessões, mas sem liberar o consumo ilimitado. – Deve-se evitar as guloseimas durante a semana e deixá-las para um momento fora da rotina – aconselha a nutricionista Luísa Rihl Castro. – A criança tem que saber que aquilo não é a base da dieta da família, mas que faz parte do mundo. Não dá para ela ficar numa bolha – acrescenta. Na sobremesa, priorize frutas e produtos mais naturais, como mel e açúcar mascavo. Quais hábitos os pais devem (e não devem) manter? Adote boas práticas: faça exercícios físicos, monte pratos variados e coloridos, beba bastante água, dispense o refrigerante (inclusive as versões zero açúcar, que crianças não devem ingerir). Incentive o consumo de frutas e facilite o acesso a elas: mantenha opções à vista, em uma fruteira, ou porções já prontas na geladeira, para que as crianças se sirvam quando sentirem fome. _ Quem não é visto não é lembrado _ diz a nutricionista Luísa. É importante que pelo menos uma das principais refeições do dia conte com a presença de toda a família, sem distrações _ hora de desligar a televisão e deixar o celular e o tablet de lado, para investir na conversa. O bebê também tem de participar desses momentos, sentado no cadeirão, que deve ser posicionado junto à mesa. Evite deixá-lo preso ao carrinho, numa posição que o priva do convívio e da observação dos demais. Luísa dá uma dica para o tempo livre _ ainda que seja pouco _ das famílias: convidar as crianças para participarem do preparo de alguma receita na cozinha. Pode ser algo simples, como um sanduíche ou um bolo rápido. O mais importante é a interação e o afeto envolvido na atividade.