Nem mesmo o ambiente campeiro da região onde vive, na Fronteira Oeste, foi suficiente para aproximar uma moradora do município de Manoel Viana dos costumes e apetrechos gauchescos.

 

– Tenho orgulho de ser gaúcha, mas... saia de prenda? Deus me livre! Só usaria se eu arrumasse um fazendeiro bem rico pra mim – brinca a empresária Alessandra Antolini, 36 anos.

 

Em vez dos vestidos de prenda, Alessandra prefere as roupas de grifes nacionais e internacionais que costuma oferecer aos clientes da loja que mantém na área central de Manoel Viana, como Dudalina, Ellus, Bana Bana e Hering. Não que ela seja uma adversária ferrenha dos hábitos e trajes consagrados pelos conterrâneos mais fiéis à tradição: apenas não se identifica com eles, e se orgulha mais do modo de viver e agir dos rio-grandenses, com qualquer tipo de roupa ou costume específico, do que de suas tradições consagradas em cerca de 3 mil CTGs mundo afora.

COMO ESTÃO DISTRIBUÍDOS?

Não me enxergo de prenda. Tenho orgulho de ser gaúcha, mas pela educação do nosso povo, não por essa questão das tradições

– Não tem cobrança. Apenas não vou participar de coisas como sarau, com aquele monte de flores. Nada contra, apenas não faz parte de mim aquilo. Mesmo que exista toda uma cultura ligada a isso à tua volta, é uma decisão muito particular fazer parte ou não – analisa a empresária.

 

Mas nem todo hábito vinculado aos costumes gauchescos é rechaçado por Alessandra, que também mantém uma empresa de eventos. O churrasco e o chimarrão aproximam a gaúcha pouco tradicional dos vizinhos mais campeiros. O mate é tomado e servido diariamente na loja.

 

– Tomo chimarrão todo dia, de manhã e de tarde. Também ofereço para os clientes, porque ajuda a mantê-los por mais tempo com a gente – conta.

Com carne e erva-mate, a empresária da Fronteira garante que não seria um drama deixar o Rio Grande do Sul – algo impensável para boa parte de seus conterrâneos mais apegados ao rincão.

 

– Não teria problema algum em morar fora, desde que fosse para fazer algo de que eu gosto – afirma.

Para a empresária, o orgulho de se dizer nascida no Estado vem de características como a hospitalidade e a educação.

 

– Acho que somos um povo unido. Aqui na Fronteira, pelo menos, as pessoas se cumprimentam, se reúnem para tomar chimarrão, é um povo educado e que sabe receber bem quem vem de fora – elogia a moradora da região.

 

Apesar da falta de identificação com as tradições cultivadas no chão dos CTGs, Alessandra garante que jamais foi afrontada ou questionada pelos adoradores do nativismo.

Alessandra mora na Fronteira Oeste, região em que mais predomina o perfil “Gaúcho Fiel”, mas não se identifica com as tradições

GAÚCHO EXPORTAÇÃO

Alessandra prefere os vestidos de marca à saia de prenda

EXPEDIENTE

Reportagem: Juliana Bublitz e Marcelo Gonzatto

Imagens: Fernando Gomes e Omar Freitas

Design e infografia: Thais Longaray e Thais Muller

Edição de vídeos: Luan Ott

Edição digital: Rodrigo Müzell

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GAÚCHO