Rastros do além
{

Mistério nos céus de Caçapava do Sul: aparições de objetos voadores não identificados chamam atenção da população e motivam a criação de um projeto de turismo ufológico no município

Começamos por onde? Talvez explicando como surgiu esta história.

Faz uns meses, uma jornalista de Zero Hora teve um sobressalto enquanto viajava pelo interior gaúcho. Apareceu-lhe à beira da estrada uma placa rodoviária com os dizeres “Caçapava do Sul” e, mais abaixo, “Turismo Ufológico”.

Como assim? Discos voadores e ETs como atração turística? Em Caçapava? Tratava-se claramente de mais uma missão para o Singular.

Fomos ao Google, claro, e o primeiro resultado que ele nos ofereceu, uma página dedicada ao turismo caçapavano, informava que nos céus do município “a incidência de objetos voadores é frequente, com momentos de numerosos avistamentos, os quais chamamos de ondas ufológicas” e que tal incidência ocorreria em um território com “grandes fraturas geológicas, onde são registradas anomalias gravimétricas e magnetométricas”. Para mais informações, a página remetia os interessados a Elver Teixeira, do Grupo de Pesquisa Ufológica de Caçapava do Sul, o GPUC.

A Secretaria Municipal de Turismo confirmou, por telefone, que o assunto era mesmo com o “professor Elver”, de maneira que, uns dias depois, em uma manhã de novembro, estávamos a uma mesa do restaurante Meu Cantinho, no centro da cidade, diante de um homem de barba grisalha e camiseta preta com a estampa de um disco voador.

Formado em Geologia e há décadas professor de Matemática em escolas municipais e estaduais, Elver não é do tipo que se submete a dar respostas simples e diretas. Por exemplo, confrontado com a primeira pergunta, sobre como iniciou seu envolvimento com a ufologia, lançou-se a uma espécie de discurso místico-filosófico:

– Tu tens a tua missão, quando nasces, o eixo que tu vais cumprir, mais cedo ou mais tarde. Isso acontece com todos nós. Eu me alfabetizei tarde, vim de fora para a cidade, mas sempre li muito. Sempre fui fascinado pelo céu. Essas coisas não são teu pai ou tua mãe que dizem. Essas coisas que vêm de cima, que vêm de outras dimensões, são compromissos teus assumidos, embora estejam colocados de uma maneira não muito clara. Mais cedo ou mais tarde, no momento certo, eles afloram. E a vida te encarrega de começar a cumprir aquele trajeto, uma missão que tu tens. Tu não és mais bonito, nem mais inteligente, nem mais feio, nem mais forte, nem mais fraco. Tu estás no teu eixo, no teu foco. É assim. Nós temos várias dimensões. Umas coisas acontecem aqui, nesta nossa terceira e pobre dimensão. E noutras dimensões, o que acontece? Tu vais dormir. Mas tu não dormes. Quem repousa, e precisa, pela eletroquímica do sangue, é o teu corpo. Tu sais. E, nessas saídas, eu via. Sempre tive contatos. Acordava, vida normal. Não lembrava de quase nada. Mas tinha esses contatos. Tudo é preparação.

Elver seguiu por aí, e aos poucos, peça a peça, partes do quebra-cabeça pareceram se encaixar. Desde a infância, quando não conhecia a palavra “ufo”, ou a forma aportuguesada “óvni”, ele se interessava pelos segredos do cosmos e pela existência de vida fora da Terra. Ao longo de meio século, foi recortando e colecionando artigos de jornal, comprando livros sobre o assunto, vasculhando a internet, juntando relatos de moradores da cidade, divulgando a quem pudesse sua crença em contatos interplanetários. Circulando pelas ruas de Caçapava com um ET inflável no banco do passageiro, preso ao cinto de segurança do carro, e outro com fardamento do Grêmio (mas sem nenhuma possibilidade de acabar com o planeta), tornou-se uma referência em assuntos extraterrenos. Arranjou uma coluna no jornal local e passou a receber convites para falar na rádio.

outra dimensão

O geólogo e professor de Matemática Elver Teixeira é o mentor do projeto

Em 24 de fevereiro de 2004 – Elver é o gênero de homem que, diante de qualquer episódio que envolva a ufologia, produz uma data precisa sem qualquer vacilação –, ele criou o projeto de turismo ufológico de Caçapava do Sul, desenvolvendo um roteiro por pontos do município que define como “portais”, lugares especiais “de onde surgem e de onde entram coisas”, e que teriam sido palco do avistamento de luzes e objetos voadores misteriosos. Na prática, no entanto, o tal turismo ufológico nunca foi muito além das placas à beira da estrada. Não há estrutura, não há transporte ou guia, não há grupos organizados, só há Elver e um sonho.

– Quando alguém entra em contato, eu digo: “Olha, não temos uma viatura”. Mas eu luto para isso. Um dia vamos ter! As pessoas querem passear, sair do apartamento, vir para o Interior.

O que quero é divulgar a região, é que essas pessoas passeiem em Caçapava, que digam: “Que tal irmos a Caçapava? De repente a gente até vê uma luzinha no céu”. É um turismo imaterial, místico, esotérico. Varginha (MG) está aproveitando, Peruíbe (SP) igualmente. E aqui também vemos coisas. Não significa que as pessoas vão ver ET. Podem até ver, mas não dá para garantir, porque o telefone toca de lá para cá, não de cá para lá. As pessoas vão vir em busca da atmosfera mística – defende.

Curiosamente, Elver não manifesta qualquer interesse, ele próprio, em avistar óvnis. Não se anima a sair de casa para fazer plantão nos “portais”, à espera de que algum fenômeno se manifeste nos céus. Quando convidam-no para expedições do gênero, declina, por causa da rinite, lembra que o sereno da madrugada liquidará a voz, seu instrumento de trabalho na qualidade de professor. Só uma vez ele concordou em participar de uma vigília, já faz 12 anos. O grupo, de sete pessoas, seguiu para o Cerro dos Andradas munido de cadeira de praia, chimarrão e biscoitos.

– Menos bebida alcóolica e outras ramas, porque daí o cara vai enxergar um monte de coisa – adverte Elver.

Sentou cada um virado para um ponto cardeal diferente, para vigiar o firmamento, por cinco horas seguidas. Passaram meteoros, aviões, luzes misteriosas (“Eles estão se comunicando!”). O momento culminante, conforme o relato de Elver Teixeira, veio depois das 23h: uma luz branca que todo mundo viu, com um foco laranja testemunhado por dois dos integrantes da expedição, que estavam mais afastados.

– Clareou o chão. Todo mundo se arrepiou, porque é uma luz diferente, uma frequência diferente. Somos uma pilha eletromagnética, então tu sentes esses campos eletromagnéticos, és obrigado a te arrepiares, porque é diferente da frequência do teu corpo. Há um choque. Isso é física. Psicotrônica. Um monte de coisa envolvida aí – garante Elver, à mesa do Meu Cantinho.

Diante dessa experiência, seria de esperar que o perito em ufologia de Caçapava do Sul se animasse a varrer os céus locais noite após noite, para documentar e provar suas teorias, apesar da rinite e da preservação da voz. Mas ele faz pouco caso disso. Tem tanta fé que não precisa ver. Considera que basta aquilo que descreve como os inúmeros contatos que teve enquanto dormia.

– Tem gente que diz: “Está acontecendo, vamos lá!”. Como aconteceu a 14 quilômetros daqui. Três do grupo foram. Eu não fui. Não preciso ver para crer. Como disse, tenho contatos desde nascer, eu vim com essa missão. Não vejo quase nada aqui nesta dimensão. Mas em outra eu tinha contato direto. Uma vez estava em sonho, que é outra realidade maior que esta, e da janela do quarto eu via passar objetos redondos por cima da casa. Outra coisa é que tenho preguiça. Pegar o meu carro, ficar lá de madrugada... Não é comigo.

Se eu quisesse ver, se fosse piradão para ver, eu estava nessas bocas tudo. Sendo assim, de onde vêm as fotografias de luzes no céu caçapavano que Elver retira de um envelope, com a intenção de demonstrar que os óvnis existem mesmo? E todos os relatos que ele publica na internet? Bom, a resposta é que seus concidadãos procuram-no para fornecer testemunhos. Por isso, pedimos a Elver que nos colocasse em contato com algumas dessas pessoas, com gente que fez algum avistamento de disco voador ou que presenciou manifestações “do governo oculto do planeta”, como ele chama as forças que estariam por trás dos ufos.

Deixamos o Meu Cantinho e seguimos pela rua principal até um prédio baixo onde o ufólogo e professor de Matemática apresenta-nos a João Sérgio Ferreira Machado, 60 anos, coordenador do Procon local e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento de Caçapava do Sul. Machado é o autor, com seu celular, de uma sequência de imagens a que Elver atribui fundamental relevância: três fotos de uma noite de 2008 que mostrariam um ponto de luz a mover-se sobre o centro da cidade. Há uns três ou quatro meses, o servidor público voltou à carga: conseguiu capturar com o smartphone um pontinho luminoso que sobrevoou a torre da matriz e que, segundo ele, parecia um disco voador.

CAMPOS DE CAÇAPAVA

Município fica nas chamadas serras do sudeste gaúcho, região de áreas abertas em meio a montanhas

Machado fecha o escritório e nos conduz por alguns quarteirões até a calçada defronte de sua casa, o local exato onde realizou o flagrante mais recente. Foi pelas 6h, 7h da manhã, enquanto ele tomava chimarrão.

– Ouvi aquele barulhinho, bem sereno. Olhei para cima, ele vinha vindo, aqui na esquina de baixo. Corri, peguei o celular, e foi aí que fiz a foto. E ele, zupt!, sumiu. Achei que ia voltar e fiquei esperando. Fui lá no fundo do pátio, e nada. Voltei para a frente. Quando olho, ele estava em cima, de novo. Aí meu telefone, estava... Como é que se diz? Tu não o abres sem a senha. Até eu abrir essa porcaria! Dedo grosso, não consegui destrancar o telefone. Quando me preparei, ele fez zupt! de novo, se foi para lá. O que eu tenho a dizer é que era uma luz que andava e parava, mudava de cor, formou tipo um oito. Não era luz de avião, não era drone, é diferente, diferente. Um avião ou drone não vai estar parado e, daqui a pouco, de repente, sair. Era um objeto grande, e foi baixo. Acredito que seja uma coisa que não é da nossa habitação, entende? E acredito que existem outros seres. Aconteceu mesmo, não ganho nada de inventar isso. Para que eu ia inventar isso? E tenho para mim o seguinte, que ainda vou enxergar coisa melhor, que vou fotografar coisa melhor. Brinco com a mulher que uma ET vai me abduzir.

Nossa parada seguinte foi na vizinhança do Forte Dom Pedro II, na residência da professora Itumara Oliveira Vivian, 64 anos, que já nos recebeu falando do pânico que havia tomado as crianças de uma escola rural, que teriam visto óvnis na semana anterior.

– Eles estão loucos de medo da nave! – revela a professora.

Itumara conta que viveu sua própria experiência ufológica, motivo da nossa visita, em uma noite fria, uns seis anos atrás.

– Foi em 2 de agosto de 2008! –  corrige Elver.

Deixemos Itumara contar:

– Eu estava lá na cozinha. Enxerguei uma luz enorme pela janela, alaranjada. Era um objeto grandão, do tamanho de uma parabólica, e andava em círculo, sem fazer barulho. Era noite, eu enxergava as luzes. Ele entrou bem rente aqui no meu telhado. Fiquei assustada, com medo que caísse e destruísse a casa. Era oval. Oval não. Redondo. Tipo um cone. Na hora tu não pensas, quando tu vês aquele objeto enorme em cima da tua casa. Então saí correndo aqui para a frente para ver o que era, mas ele já tinha passado, não o enxerguei mais. Voltei para dentro e pensei: “Que gozado, lá na frente está tão quente, um calor insuportável”.

Uns dias depois, caiu uma chuva em Caçapava e a água começou a infiltrar e gotejar na casa da docente. Foram conferir, e as telhas, novas, estavam desencaixadas e lascadas, justo no lugar onde Itumara diz ter avistado o óvni. O conserto custou R$ 4 mil. Elver passou por lá e levou as telhas afetadas, que ele conserva como relíquias.

– O Elver tem tudo isso. Ele que é o dono do meu ET. Depois daquilo, comecei a acreditar que eles existem mesmo. Para mim, foi um disco voador – declara Itumara.

Uns minutos depois de nos despedirmos da professora, estávamos de novo a seguir Elver Teixeira pela rua principal da cidade. Perto da Igreja Matriz, ele estacou para apresentar-nos um homem de barba e bigode, mas queixo rigorosamente escanhoado, com uma argola e ferros pontudos de ar punk espetados às orelhas. Era João Timótheo, 51 anos, historiador formado pela UFRGS e, desde novembro, secretário municipal de Cultura e Turismo. Para Elver, ele era, acima de tudo, a grande esperança de fazer deslanchar o projeto de um roteiro ufológico na cidade. Timótheo mostrou empolgação:

– Vou te dizer uma coisa. Estive nas Minas do Camaquã, falando com o pessoal, diz que lá tem um portal que é aberto às 6h. É um negócio dos intramundos. E eles têm lá uma fotos... Eu vi uma foto de um ser: é uma doideira. Minha mulher gosta desses lances. Queremos explorar não só essa parte de ufologia, mas toda a parte esotérica. Estamos começando a nos articular, a montar uma exposição, uma conferência. Acho que tem de ter até março. Nesta semana mesmo, duas ou três pessoas vieram no museu perguntar sobre material ufológico. E hoje não temos esse material dentro do museu – lamenta o secretário municipal.

– Vou ter de deixar umas telhas pra ti!

Uma telha das quebradas, que eles passaram por cima – aproveita Elver.

Foi mais ou menos neste momento da conversa que Timótheo, para aparente decepção do ufólogo, revelou achar pouco razoável acreditar que as luzes avistadas nos céus caçapavanos tenham qualquer origem extraterreste. Para ele, é uma suposição ilógica. O secretário municipal admite que existe, sim, vida em outros planetas, mas acredita dispor de uma explicação muito melhor para os fenômenos ufológicos: máquinas do tempo.

– O que acho que vemos aqui somos nós

mesmos, vindos do nosso futuro para o passado, que é onde nós estamos. Porque é mais fácil se transportar no tempo do que no espaço. Por isso, acho que somos nós. Olha o Grey, esse cara que tu vês, que é todo cinza e tal.

– O cabeçudo aquele, o ET – atalha Elver, procurando esclarecer para os leigos presentes o que era um ET do tipo Grey.

– Então, por que eles são todos iguais? – questiona o secretário.

– Cuidado, que são 60 raças descritas no mundo! – devolve o ufólogo.

– Não, não, não. Perfeito. Mas digo assim,

sabe o que eu acho? Que muitos deles podem ser nós no futuro. Para poder nos transportar para o passado, nós criamos seres geneticamente parecidos conosco que fazem esse transporte.

Não somos nós exatamente.

– Sim. Criar robôs biológicos já está sendo feito por aí – assente Elver, conciliador.

locais estratégicos

Elver Teixeira mapeou regiões que seriam os portais para a observação do espaço.

 

Mas Timótheo não cedeu. Voltou a colocar em xeque as visitas extraterrestres:

– Sinceramente, tu achas que os caras vão atravessar o espaço sideral, cósmico, dobrar o espaço, para vir aqui construir aquelas pirâmides? Eles não tinham o que fazer, então! Não esculhambando com o Elver, mas o cara está lá em Alpha Centauri, assim, três caras numa praça em Alpha Centauri, sentados. Aí um chega para o outro: “O que nós vamos fazer hoje?”. “Ah, vamos construir umas pedrinhas lá.” E atravessam o espaço. Pô, se o cara vem para cá, vai construir um computador, né? Uma usina termonuclear, um troço de altíssima tecnologia. Agora, empilhar um monte de pedra?

– Cuidado, que eles estão aqui desativando as usinas nucleares – reage Elver.

– Esses seres que estão em outras galáxias e tal, eles são completamente diferentes de nós, não são humanoides – rebate Timótheo. – Existem duas coisas no universo que são raríssimas, porque o resto tudo nos mapeamos, existe. Essas duas coisas são celulose e proteína. O medo que eu tenho de esses caras virem pra cá é que venham atrás da proteína.

– O senhor está falando do quê? – pergunto.

– De virem nos comer. É disso que estou falando.

– O senhor está falando de seres de outros planetas?

– Sim. O que eu acho é que, se os caras chegarem aqui, eles vão vir atrás do que não existe por aí, que é proteína e celulose. E aí, querido, tu vais ter o caminho das galinhas.

– Como assim?

– Ser abatido.

Foi com essa aconchegante nota de esperança que nos despedimos de João Timótheo. O dia já ia a meio, mas queríamos falar ainda com pelo menos mais um “contatado”. Seguimos Elver estrada afora, por vários quilômetros, até a zona rural do município. Desembarcamos num lugar chamado Chácara dos Pinheiros, onde o produtor rural Marcio Pigatto, 44 anos, estava à espera, diante da casa. Ele nos conduziu até um pátio nos fundos. Com a voz um pouco abafada pelo cacarejar das galinhas, posicionou-se no ponto onde, em duas ocasiões distintas, teria avistado óvnis.

– A primeira vez foi mais rápido. Faz uns três, quatro meses. Eu estava vendo um jogo na TV, 21h, 21h30min. Gosto de sair, as ovelhas dormem aqui. Fui para fora, dar uma olhada, é hábito meu. Aí deu um acaso, eu estava bem distraído, assim, de repente, nessa posição, apareceu. Eu até ia pegar a moto, para ir atrás, mas não dava para ter noção da distância. Era um negócio meio circular, as cores chamavam atenção, meio avermelhado. Parecia que estava descendo. Chamou a atenção a coloração, o formato. Como é que vou dizer?

Era meio redondo. Mas não era bem redondo.

Era tipo uma coisa assim...

– Uma calota de carro? – ajuda Elver.

– É. Só que era bem luminoso. Vinha descendo. Daí sumiu atrás daqueles pinheiros. Da segunda vez, uns dias depois, durou um pouquinho mais, até ficou parado, na direção da Pedra do Segredo.

– Ali é um portal – avisa o ufólogo.

Depois atravessamos a estrada de chão batido que corta a propriedade de Pigatto e caminhamos campo afora, em meio ao gado, até os confins de uma baixada à beira de um açude. Mais ou menos uma década atrás, o produtor cavalgava por ali quando deparou, atônito, com três círculos perfeitos marcados no campo, o maior deles com cerca de cinco metros de diâmetro.

A circunferência, com uns 10 ou 15 centímetros de espessura, parecia ter se formado pela queima da  grama.Pigatto pensou primeiro que o desenho podia ter sido feito com secante, mas logo descartou essa hipótese, porque os círculos eram demasiado perfeitos.

– O que podia ser? Nem tenho ideia. Acredito que possa ser uma coisa assim...

– Inteligente, né? Porque uma coisa burra não ia fazer isso – diz Elver.

– Pois é. O quê? Pensar o quê? Tem coisas em que a gente não acredita. O extraterrestre. Ali.

Por que, né? Para quê? Olha, eu acredito. Era uma coisa diferente, uma coisa que não é do hábitat da gente. Depois de ver aquilo, a gente fica assim, não sabe mais se acredita ou não.Elver revelou que o History Channel já se interessou pelos ETs de Caçapava do Sul.

Uns meses atrás, ele ciceroneu uma equipe de filmagem. Nas Minas do Camaquã, deu uma entrevista que se prolongou do meio-dia às 19h (“Respondi várias vezes à mesma pergunta”).

No começo de agosto, uma equipe maior, com 11 profissionais, dirigiu-se de novo ao município, acomodada em dois veículos. Queriam que Elver os levasse a diferentes portais. Quando estavam chegando à cidade, foram interceptados na estrada. Não por ETs, mas por assaltantes mesmo, que atiraram nos veículos e levaram dinheiro e equipamentos. A equipe foi embora. Um membro avisou Elver que não voltariam mais.

Ele não se abalou, ainda que ache importante todos saberem que os episódios ufológicos estão cada vez mais evidentes. Em artigo recente de jornal, alertou aos caçapavanos que os óvnis estão chegando cada vez mais perto, estão ficando cada vez mais tempo, e estão com um jogo de luzes cada vez mais variado. Há um significado por trás disso, defende o professor de Matemática:

– Essas luzes no céu, por que existem? Porque alguém manda. O que eles estão vindo fazer aqui? No mínimo, monitorar, ver como está andando a nossa humanidade. Porque, desde o tempo das cavernas, os governos ocultos acompanham o progresso das humanidades. E chegou a hora de os ocultos serem revelados. Não é papo bíblico, só. É uma realidade. Os ocultos não serão revelados. Eles estão sendo revelados. Não sou profeta, não sou adivinhão, não sou guru, não sou líder de nada. Sou um cidadão que está tentando colocar o meu tijolo na construção. Vamos ficar quietos e fazer de conta que não acontece nada?

Pedimos desculpa, mas ainda não será esta reportagem que vai responder a essas questões e esclarecer se há extraterrestres rondando a segunda capital farroupilha. Mas podemos afirmar com segurança que em Caçapava do Sul há pelo menos um ET. Ou ninguém reparou nas iniciais de Elver Teixeira?

TEXTO

Itamar Melo

itamar.melo@zerohora.com.br

IMAGENS

Carlos Macedo

carlos.macedo@zerohora.com.br

EDIÇÃO

Daniel Feix

daniel.feix@zerohora.com.br

DESIGN

Amanda Souza

amanda.souza@zerohora.com.br

Rastros do além
{
Rastros do além

LECO DO PANDEIRO

Ex-integrante do grupo Pau-Brasil, perdeu o contato com os filhos e, antes de chegar à Casa, dormia no sofá emprestado por uma sobrinha

JANINE ROCHA FRAGA

Modelo, atriz, produtora, guarda um álbum em que aparece em fotos com Tom Jobim e Mercedes Sosa. A perda da visão foi revertida por um xamã mexicano, ela diz.