Olhares

Outros

artistas.convidados

Alexandre Copês

Amanda Copstein

Anderson Astor

André Venzon

Bruno Borne

Carlos Gerbase

Chana de Moura

Daniel Escobar

Daniel HDR

Danilo Christidis

Diego Grando

Diego Petrarca

Dione Martins da Luz (Xadalu)

Fernanda Chemale

Guto Leite

 

Marcos Fioravante

Marina Camargo

Pedro Gonzaga

Ricardo Silvestrin

Rommulo Vieira Conceição

Romy Pocztaruk

Sandro Ka

Tiago Coelho

Túlio Pinto

Ismael Monticelli

Letícia Lampert

Lorena Martins

Marcelo Chardosim

Marco A. F.

 

Qual é o seu olhar sobre Porto Alegre? Provocados por essa pergunta, fotógrafos, artistas visuais e poetas contemporâneos foram convidados por Zero Hora a apresentar trabalhos em imagem, vídeo e texto que tomam a cidade como motivo, inspiração ou ponto de partida. O resultado é o especial multimídia "Porto Alegre Outros Olhares", que apresenta um mosaico de visões criativas e poéticas sobre a cidade que completa 243 anos. Confira esses outros olhares navegando nesta galeria virtual.

curadoria

francisco_dalcol

francisco.dalcol@zerohora.com.br

design e implementação

diogo_perin

diogo.perin@zerohora.com.br

o olhar

de Romy

Romy Pocztaruk nasceu em Porto Alegre, em 1983. É mestre em Poéticas Visuais pela UFRGS. Seu trabalho fotográfico e videográfico lida com simulações e com a posição a partir da qual o artista interage com diferentes lugares. Entre as mostras das quais participou, estão 31ª Bienal de São Paulo, Convite à Viagem _ Rumos Artes Visuais, 9ª Bienal do Mercosul, The Latino Video Art Festival of New York , entre outras. Também participou de mostras em países como EUA, Alemanha, França. Já realizou residências na China, Alemanha (Berlim) e EUA (Nova York).

a artista comenta

Neste ano me aventurei no Porto Seco para conhecer melhor o Carnaval de Porto Alegre, pois confesso que nunca fui uma foliã de carteirinha. Produzi, então, essa série de fotografias sobre o que não é visível no desfile, o que está por trás da avenida e o que fica nos barracões entre um carnaval e outro.

proteger o Guaíba

Oração

 pra Oxum

o olhar

de Ricardo

mamãe Oxum

protetora da água

doce

um lago de lágrima

é o que a gente por aqui

te trouxe

 

não um choro com sal

que equilibra

o bem e o mal

mas um pranto

com metal

lixo orgânico

e industrial

um pranto sem fim

que faz até pensar

que a gente por aqui

é ruim

só quer água pra beber

não quer água por prazer

tem um lago e não se banha

 

cura logo esse lago

pede erva pra Ossanha

 

 

Ricardo Silvestrin nasceu em Porto Alegre, no Menino Deus, em 1963. É autor de 17 livros. Entre eles, "Metal", "O Menos Vendido" e "Palavra Mágica", todos de poesia. Em prosa, é autor de "Play" (contos) e "O Videogame do Rei" (romance). Na literatura para crianças, publicou, entre outros, "Pequenas Observações sobre a Vida em Outros Planetas" e "É Tudo Invenção". É músico e integra a banda os poETs.

o artista comenta:

Creio que a Semana de Porto Alegre é ocasião para reavivar uma questão estranha, que deve dizer muito da nossa personalidade. Quando se viaja para cidades que têm uma orla como nós temos, a água é sinônimo de convívio, de alegria, de prazer. Por motivos que fogem à minha compreensão, temos uma relação de desprezo com nossa orla. Sujamos o Guaíba com lixo industrial, tóxico, e com lixo orgânico. Só nos preocupamos com água para abastecimento. Mas esquecemos da água como banho, prazer, diversão. Que doença é essa? Já vi muitos projetos de recuperação do Guaíba, mas nunca foram muito longe. Resolvi apelar para Oxum.

o olhar

de Letícia

o artista comenta:

Este projeto foi desenvolvido a partir da visita a cerca de 40 apartamentos em bairros centrais de Porto Alegre. Os edifícios eram escolhidos ao acaso, e eu não tinha nenhum contato prévio com os moradores. Chegava lá, tentava falar com alguém, apresentava a proposta e pedia para entrar e fazer a foto. No início não sabia bem como ia funcionar, pois não é tão fácil nos dias de hoje alguém abrir a porta para um estranho, mas acabei me surpreendendo com a receptividade. Houve vários edifícios em que não consegui entrar, mas, na grande maioria, alguém acabava topando.

Letícia Lampert nasceu em Porto Alegre, em 1978. É formada em Design - Programação Visual (Ulbra) e em Artes Visuais - Fotografia (UFRGS) e mestre em Poéticas Visuais (UFRGS). Em 2013, foi vencedora do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger na categoria Trabalhos de Inovação e Experimentação e do 3º Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea. Em 2009, recebeu o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Fotografia pelo projeto "Escala de Cor das Coisas", que foi também contemplado com patrocínio do Fumproarte para sua publicação como livro.

o olhar

de Bruno

Bruno Borne nasceu em Porto Alegre, em 1979. É mestre em Poéticas Visuais (UFRGS) e graduado em Artes Visuais e em Arquitetura e Urbanismo. Realizou exposições individuais no MACRS e na Galeria Lunara em Porto Alegre. Em sua produção, destacam-se trabalhos utilizando projeções de animações digitais, relacionando computação gráfica com a arquitetura e as especifidades do local. Venceu o 2ª Prêmio IEAVi e foi premiado no 6º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas. Tem obras nos acervos públicos do MACRS e Acervo Artístico da Prefeitura de Porto Alegre, Pinacoteca Aldo Locatelli.

o artista comenta:

 

Realizei a série de trabalhos in memoriam a partir de uma notícia de jornal. Em janeiro de 2012, uma grande árvore na praça Otávio Rocha foi removida durante o projeto de revitalização do espaço. Achei que aquela ausência, aquele vazio verde, seria um bom motivo poético. Com esse ponto de partida, dei seguimento ao meu processo de trabalho, que sempre envolve processos e questões da computação gráfica e da virtualidade. Reconstruí digitalmente a árvore cortada. Obtive a fotografia original da notícia, de autoria da fotógrafa Gabriella Dibella, e fiz uma sequência de fotomontagens. Em 2013, por ocasião do convite para expor na mostra coletiva “Fazer e Desfazer a Paisagem”, no MACRS, dei seguimento à série com um novo trabalho. Naquele momento, um conjunto de grandes árvores próximo à usina do Gasômetro foi cortado pela prefeitura gerando protestos e repercussão na cidade. Fui até o local e tive a sorte de encontrar os troncos ainda no local e registrei o momento. Novamente utilizei o mesmo processo de trabalho, reconstruindo as árvores cortadas e fazendo fotomontagens sobre as fotografias realizadas.

 

senhorinha

o olhar

de Guto

teu corpo nunca começa

para quem chega de fora

teu corpo nunca termina

para quem sai de dentro

ó senhora envelhecida

às margens do lago-mar

 

cosendo fazendas puídas

falando sozinha

pensando sobre como a vida

é boa e vã

ensandecida de brasas

e minuanos

teus filhos todos te amam

e te maltratam

teus filhos todos te adoram

e te adoecem

estás inteira nas peles

que te empalam

 

serás assim até quando

ó senhorinha

dando concreto

ao amor

linda e empobrecida

na modéstia de teu leito

 

um vento canta nas águas

suas memórias

a flor de tua poesia

evaporando

assim serás até quando

ó senhorinha

Guto Leite nasceu em Belo Horizonte, em 1982. Vive e trabalha em Porto Alegre. É professor de Literatura Brasileira (UFRGS). Foi finalista (2010) e ganhador (2012) do Prêmio Açorianos. É cancionista gravado por algumas bandas e artistas de São Paulo (SP), Campinas (SP) e Pelotas (RS), além de argumentista de quadrinhos e roteirista de cinema. Radicado em Porto Alegre desde 2008, tem participado da Festipoa Literária e ministrado cursos e atividades pelo Sesc, na Casa de Cultura Mario Quintana e no StudioClio.

o artista comenta:

Relativamente tranquilo quanto ao convite de escrever sobre a cidade, graças aos poemas "chuvas de porto alegre" e "o porto", ambos de "zero um" (2010), resolvi arriscar um poema que traduzisse minha sensação sobre Porto Alegre após esses seis anos de estada. Algo que misturasse o fascínio que tenho por ela às críticas de que é também um lugar muito maltratado por sua administração e por parte dos cidadãos. Os versos "teu corpo nunca começa / para quem chega de fora / teu corpo numa termina / para quem sai de dentro", primeiros a serem escritos, logo evocaram a imagem de uma senhorinha à beira do Guaíba, numa relação intensa de amor e sofrimento com seus filhos. Todo o poema, depois, foi construído a partir disso. "senhorinha" é um poema inédito.

Fernanda Chemale nasceu em Osório, em 1965. Vive e trabalha em Porto Alegre. É fotógrafa e artista visual. Se interessa por questões relacionadas à fotografia e memória desenvolvendo projetos nas vertentes autoral e documental. Suas obras estão nas coleções de fotografia do Museu de Arte de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea (MACRS), do Museu do Homem do Nordeste e do Museu dos Descobrimentos em Portugal. É graduada em Comunicação Social (PUC) e autora dos livros de fotografia "Tempo de Rock e Luz" e "ElefanteCidadeSerpente". É professora de cursos de fotografia de espetáculo e retrato.

a artista comenta:

As imagens são um olhar para trás em busca do tempo vivido. Urbano, cotidiano e memória são meus temas preferidos, e a minha existência define para que lado aponto a câmera. O resultado deste apontamento me afeta diretamente enquanto cidadã porto-alegrense. A arquitetura e o lado humano da cidade são um ótimo ponto de partida para refletir o que a cidade de Porto Alegre emana.

o olhar

de Fernanda

o olhar

de Diego

Diego Grando nasceu em Porto Alegre, em 1981. Publicou "Sétima do Singular" (Não Editora, 2012) e "Desencantado Carrossel" (Não Editora, 2008), o livreto "25 Rua do Templo" (Não Editora, 2010) e também poemas em antologias, revistas e jornais. É professor de literatura e doutorando em Letras (UFRGS), além de fazer parte do elenco do Sarau Elétrico.

 

o artista comenta:

Morei dois anos em Paris e escrevi uma porção de páginas sobre essa cidade (e continuo a escrever), mas sobre Porto Alegre, onde passei todos-os-anos-menos-dois da minha vida, eu tinha escrito pouquíssima coisa, ao menos assim de forma direta, objetiva.

Portanto Porto Alegre

Antes do pôr

do dedo em riste da usina

antes da ponte, da ponte de pedra

da catedral, da praça, do palácio, do viaduto

antes do hotel, antes da casa de cultura

antes do muro, da enchente, do incêndio, do mercado

das Dores e dos dois São Pedros

do Brique, antes da Lancheria

da Redenção, da Conceição, da concessão

antes das torres comerciais, dos espigões de espelho e vidro

antes da Feira, do Fórum, da Fifa, da Copa, da Coca

mais antes

antes da rua de noventa metros

(seu nome que ninguém conhece)

e o túnel verde a poucos palmos da sacada

bem antes dos vinis e noites inteiras

e noites, outras, acesas, cruzando avenidas desalinhadas

antes ainda que os caminhos fossem todos dar na João Telles

o bairro Nonoai, o parque Santa Anita, o edifício Piemonte

no pátio da escola, imenso, indeciso

entre freiras de hábitos cinza e os braços de fora das apenadas

em busca daquele amigo (que frágeis pulmões ele teve)

antes até certa manhã

segunda sexta-feira do primeiro mês

do primeiro ano

da penúltima década

num quarto (quinto andar) às margens da Ipiranga

diluviando lágrimas broncoespasmódicas

antes

só mais um pouco

noves fora

e já não sou.


E não sei ser

nem faz sentido

sem teus parâmetros e picuinhas

se eu não flanar pelos teus vícios circulares

pelo viscoso do teu ar

teus crimes na segunda

do singular

pelas buzinas dos teus motoristas

latejando, Porto Alegre, as tuas têmporas:

detalhes de um rosto sem retrato falado

que em tanto outro lugar reconheci

("Da rue de Rivoli fiz minha Osvaldo Aranha

a João Pessoa minha Damrak straat

etc." assim mais de uma vez eu comecei

ou quis, o teu poema)

cartão-postal-umbilical, cidade-nação

porto da minha angústia, do meu ajojo

calvície e lençóis suados

porta de muitas saídas

e jovens de sonhos lascivos

(sucesso e São Paulo)

tua baixa modéstia e visibilidade

para pousos e decolagens.


Porto Alegre, por que me tirar o sono

por tão pouco?

Porto Alegre, e esse faz-de-conta

esse diz-que-diz-que na fila do caixa?

Porto Alegre, quais são teus dilemas

teus planos?

Porto Alegre, posso fazer

uma pergunta indiscreta?

Porto Alegre, quando é que eu vou ter

uma resposta?


Porto Alegre, teus poetas ou foram felizes

ou muito covardes.


Porto Alegre, quinta-feira,

vinte e seis de março de 1772.


Porto Alegre, a verdade

é que não sei se te amo

se fui infiel ou estou apressado

se ainda sou jovem, se já me arrependo

só de pensar que te escrevo, Porto Alegre,

que te desejo meu inferno

depois do último dia

                              de sol

depois do pôr.

 

 

 

Dione Martins da Luz (Xadalu) nasceu em Alegrete, em 1985. Vive e trabalha em Porto Alegre. Tem formação em História da Arte na América Latina (Atelier Livre), Desenho (Atelier Livre), Litografia (Museu do Trabalho), Fotografia (Câmera Viajante), entre outros. Já apresentou as seguintes exposições individuais: "Xadalu Arqueologia do Presente" (Museu dos Direitos Humanos), "Xadalu - O Índio Universal" (72Ny Gallery) e participou de diversas mostras coletivas. Já foi tema de dois filmes: "Sticker Conection" (documentário, direção Tiago Bortolini) e "Xadalu" (documentário, direção Tiago Bortolini). Tem obras nos acervos do MACRS e do Margs.

o artista comenta:

O personagem Xadalu surgiu em 2004, como uma forma de manifestação artística, trazendo luz ao tema da destruição da cultura indígena, abordando essa e outras causas sociais e ambientais. Xadalu está presente em mais de 60 países, atingindo os quatro continentes, fazendo parte de um cenário mundial da arte urbana contemporânea, participando de exposições e diversos festivais de arte, com obras em acervos de museus do Rio Grande do Sul, sempre com foco na informação e conscientização dos temas abordados.

o olhar

de Xadalu

os artistas comentam:

 

As imagens integram um projeto inédito e em andamento que desenvolvemos desde o ano passado. É sobre o bairro mais recente de Porto Alegre, Campo Novo, cujo nome dá título à série. Localizado na região extremo-sul da cidade, Campo Novo foi criado a partir de lei assinada em março de 2011. A área que hoje abriga o bairro foi uma região de produção agrícola primária, sendo formada por pequenas propriedades rurais. Porém, na última década, vem sofrendo uma ocupação urbana significativa. Esse processo revela o movimento da cidade, a busca da população por novos espaços de habitação e um mercado imobiliário que se expande sem qualquer planejamento urbano. A partir da exploração desse território, buscamos construir uma narrativa visual sobre a expansão das cidades, seus limites e indefinições.

 

o olhar

de Marco

Marco A. F. nasceu em Lajeado, em 1984. É formado em Comunicação Social (Unisinos). Sua pesquisa em fotografia se concentra no estudo da paisagem e suas intersecções com memórias latentes no espaço geográfico. Em 2015 ganhou o 6º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia na categoria "Tempo Movimento". Foi um dos ganhadores do 12º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia com o ensaio "Já não é mais verão", que resultou em sua primeira exposição individual, apresentada na Casa de Cultura Mário Quintana (Porto Alegre) e no Ateliê da Imagem (Rio de Janeiro). Tem participado de diversas exposições coletivas.

o olhar de

Tiago

Tiago Coelho nasceu em Santo Antônio da Patrulha, em 1985. É formado em Realização Audiovisual (Unisinos) e Fotojornalismo (EFTI, Espanha). Atua como professor de fotografia na Unisinos e free lancer em reportagens documentais e editoriais de moda. Entre suas exposições individuais, estão "O Marketing", no Lianzhou Foto Festival, China, e "A Voz da Roupa", projeto desenvolvido com Régis Duarte apresentado na Usina do Gasômetro e na Casa de Cultura Mario Quintana, além de Uruguai e Rússia. Tem participado de diversas exposições coletivas. Suas fotografias estão nas coleções Pirelli/MASP, Joaquim Paiva, Acervo Galeria Mascate e MACRS, entre outros acervos.

Baltimore

o olhar de

Pedro

Pedro Gonzaga nasceu em Porto Alegre, em 1975. É doutor em Literatura (UFRGS), músico, professor, tradutor e poeta. Verteu mais de 20 títulos para o português e é autor de quatro livros, sendo o mais recente "Falso Começo" (2013). É cronista do jornal Zero Hora.

 

o artista comenta:

O poema nasceu quando passei pelo local onde antes existia o cinema Baltimore e restavam apenas escombros, esmigalhados de maneira preguiçosa por homens e máquinas. Pensei que aquela destruição a céu aberto era o oposto das construções à sombra das salas do cinema.

a planetária esfera de aço

termina de esmigalhar a parede

ao som de tijolos que se rompem

feito ossos humanos

 

assisto a tudo da calçada

as poltronas um dia de couro vermelho

parecem pedaços de carne mascada

sai da escuridão o antigo cinema

iluminado por sua nova e forçosa janela

 

o veículo laranja gira as esteiras

faz crepitar o mar de caliças

sinto nos olhos um incômodo líquido

ninguém virá com a cesta de balas

o último filme liberto do projetor

é feito de matéria viva e comum

 

o artista comenta:

A linha se desenha na distinção de planos. O desenho acontece quando duas densidades se cruzam e se opõem sem se anularem. Horizontes formados pela fronteira entre o opaco, o planar e o cinzento, quase alvo, céu nublado invernal e o fragmento da cidade, turvo, maciço, marcado pelo tempo. São como horizontes...

o olhar

de Marcos

Marcos Fioravante nasceu em São José do Rio Preto (SP), em 1989. Vive e trabalha em Porto Alegre, onde cursa mestrado em Poéticas Visuais (UFRGS). Dedica-se, sobretudo, ao desenho. Realizou a exposição individual "Desenhos" (StudioClio) e foi contemplado pelo 7º Prêmio Açorianos de Artes Plásticas como Artista Revelação. Tem participado regularmente de exposições coletivas. Possui obras nas coleções públicas do MACRS e do Margs e na coleção da Fundação Vera Chaves Barcellos.

Porto Alegre

O que é a cidade

senão nós mesmos

madrugada adentro

invadindo suas pontes?

 

O que é o tempo

senão teu corpo

o calendário das mãos?

 

Permaneço em teu verão

tórrido, nas esquinas onde uma noite

deixei partir e a vida

nunca mais foi a mesma, a se repetir com os brindes

a mesa depois do jantar, o barulho das gentes

as luzes do bairro.

 

Onde te posso encontrar

senão nos bustos esquecidos nas praças

nas fotografias que por acaso caem

de dentro dos livros?

 

Guardo recortes de jornal, o parque

as ruas que se perderam de nós,

o veludo da sala de cinema,

o último dia -

éramos milhares na beira do rio,

fevereiro

nunca chegou ao fim.

 

Permaneço entre teus mercados e muros

nos bares, nos chapéus

que já não usamos mais;

reencontro teu andar único,

teu céu que acordava

todas as cores do mundo:

 

a cidade onde se foi criança,

o mapa da casa,

os olhares guardados.

 

Permanecer

é meu continente.

 

 

o olhar

de Lorena

Lorena Martins nasceu em Dom Pedrito, em 1982. Cresceu em Porto Alegre, onde se formou em Letras pela UFRGS. É autora de "Água para Viagem" (Ed. 7Letras) e está finalizando seu novo livro de poemas, "Corpo Continente". Atualmente vive em Roma.

o artista comenta:

A intervenção urbana, enquanto manifestação artística contemporânea, é vital para a compreensão de nossas inter-relações com a cidade e seus lugares. O projeto consiste na instalação de um painel de 7 metros, com a inscrição poética "VOCÊ É O MEU LUGAR" (recorte a laser sobre tapume), intervenção com adesivo impresso na fachada da passarela oeste do Pop Center - Porto Alegre, sobre a Avenida Júlio de Castilhos, no Centro Histórico, além de ação com cartazes lambe-lambe nos pilares do terminal de ônibus local. Ao situar um olhar poético sobre este lugar, o artista atrai a atenção do público e o estimula a pensar em si mesmo e no outro como lugares afetivos do seu bairro, da cidade e do mundo.

o olhar

de André

André Venzon nasceu em Porto Alegre, em 1976. Tem formação pelo Instituto de Artes (UFRGS). Dedica-se ao estudo dos conceitos de lugar na construção poética dos seus trabalhos. Foi presidente da Associação Riograndense de Artes Plásticas Chico Lisboa e diretor do Museu de Arte Contemporânea do Estado (MACRS). Principais exposições: 21º Salão Arte-Pará; 3º Salão Nacional de Arte de Goiás; 4ª Bienal da UNE/SP; "Boates" no CCCorreios/RJ e no Margs; 10ª Bienal de Santos; 13° Salão da Bahia; "Novas Seções" FUNARTE/Brasília; "Novos Mundos Novos" em Recife. É autor do monumento dos 100 anos da Imigração Judaica para o Brasil, no Parque Farroupilha.

o olhar

de Marcelo

Marcelo Chardosim nasceu em Porto Alegre, em 1989. Graduando em Artes Visuais no Instituto de Artes da UFRGS. Entre suas principais exposições, estão "Vontade de Ser Cachorro e Entrar Correndo no Galinheiro" (Galeria Iberê Camargo/Usina do Gasômetro) e "1ª Internacional Fazendo Gênero" (Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC). Também tem participado de mostras coletivas no Acervo Independente, MACRS, Margs e no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul.

o artista comenta:

Realizada no entroncamento das avenidas Farrapos com Voluntários da Pátria, a intervenção fotográfica urbana "Feliz Aniversário" faz parte da série de trabalhos "A Criança", que expõe memórias da infância em meio a espaços urbanos abandonados e desfigurados. As fotografias retiradas de arquivos pessoais buscam um diálogo estético e conceitual com estes lugares. Esta proposta artística procura discutir questões sobre a imperceptibilidade da arte contemporânea no espaço urbano, do artista-anônimo e do transitório na arte.

o olhar de

Carlos Gerbase

Cidade-Carroça

Nasci nos Moinhos de Vento (1959). Minha rua, a Santo Inácio, abrigava o consulado alemão e a sede da TFP, que organizava paradas ridículas sem o menor apoio dos moradores. Assim que possível desci a escadaria do morro Ricaldone e fui morar num edifício triste na Cristóvão Colombo, e depois num sobradinho simpático na Marquês do Pombal. Mas a grande mudança foi morar no Bom Fim. Primeiro numa espécie de república anarquista na Tomaz Flores, mais tarde no fim da Oswaldo Aranha. Na virada do século, atravessei a Redenção e fui pra José Bonifácio, onde, todo domingo, ouço aquela flautinha andina fajuta do brique tocando Dancing Queen às nove e meia da manhã. É duro, mas é melhor que a TFP.

o artista comenta:

Não sei se a expressão "cidade carroça" é de conhecimento da maioria da população de Porto Alegre. Talvez seja de poucas pessoas, em sua maioria pertencentes ao meio artístico da cidade. Esse é objetivo do roteiro que escrevi: levar o conceito pra mais gente. E, de lambuja, refletir um pouco sobre os pós e os contras das carroças (símbolos do que já passou, do que está proibido de circular) e dos carros (símbolos da modernidade há mais de um século).

(imagens panorâmicas, da cidade, prédios do centro histórico, Praça da Matriz, Praça da Alfândega, etc.)

 

Esta cidade, apesar do nome, nunca foi um sonho feliz de cidade, nem consegue ser um prodígio de realidade, com a força da grana construindo e destruindo coisas belas. Caetano não cantou Porto Alegre, Chico não descreveu suas esquinas, e não sabemos se o mapa de Quintana foi inspirado pelas ruas nunca percorridas do quarto distrito.

 

(pôr do sol no Guaíba)

 

Poetas locais e estrangeiros têm dificuldade para fazer rimas com nosso pôr do sol, que em nossa imaginação é único e transforma o Guaíba num símbolo de reconhecimento universal, mas não sabemos nem se ele é um rio, um lago, um estuário ou um imenso esgoto. Ou sabemos, mas preferimos fingir que não.

 

(estátua do Laçador)

 

O Laçador olha sonhadoramente para quem chega, como se prometesse erguer o laço, prender o visitante num nó apertado e só libertá-lo quando a cidade fosse reconhecida como a mais linda do mundo, ou pelo menos mais interessante que Curitiba. Mas o laço permanece imóvel, junto ao chão, e o laçador ouve os aviões passando sobre a sua cabeça, como quero-queros furiosos, e nada pode fazer para que eles aproveitem um pouco mais os encantos insuspeitos da avenida Farrapos, logo ali, depois daquela obra feia que não termina nunca.

 

(trânsito caótico, engarrafamentos, buzinas, gente irritada nos carros)

 

Em compensação, os habitantes desta cidade têm uma vida tranquila e cercada pela natureza. Ou tinham, até que a província fosse tomada pelos arautos da modernidade, que, enquanto planejam o metrô e constroem viadutos, retiraram das ruas o único símbolo verdadeiramente porto-alegrense:

 

(carroças, puxadas por cavalos, nas ruas de Porto Alegre e, se possível, passando sobre a ponte móvel do Guaíba)

 

 ...a carroça. Desde que ela foi proibida de circular, Porto Alegre perdeu muito de seu encanto. Quem não tem saudade daquela estrutura clássica de madeira, pintada em cores vivas, sobre duas rodas de automóvel com pneus carecas, tracionada o dia inteiro por um animal nobre e trabalhador? A carroça, guiada pelas mãos experientes de um profissional que recolhia os restos da cidade que finge ser moderna, era nosso último vínculo com a vida provinciana. E o carroceiro não laçava petiços imaginários. Fazia coisa muito mais útil, reciclando lixo e diminuindo a poluição que estraga o nosso pôr do sol. A carroça, nossa identidade pós-moderna, nosso verdadeiro símbolo afetivo, foi banida na direção das ilhas do Guaíba. Mas ela permanece no imaginário dos porto-alegrenses, que intimamente reconhecem: talvez sejamos a cidade-sorriso, mas também somos a cidade-carroça.

o artista comenta:

"Vetoriais #2" faz uso da cidade e suas edificações enquanto plataforma para uma ação escultórica, gráfica e pictórica. Grandes faixas de cor laranja conformam vetores que costuram o tecido urbano do centro de Porto Alegre.

o olhar de

Túlio

Túlio Pinto nasceu em Brasília, em 1974. Vive e trabalha em Porto Alegre. É formado em Artes Visuais - Escultura (UFRGS). Entre as suas exposições, destacam-se “Tohu Wa-Bohu" (Galeria Bolsa de Arte, 2014), "De Territórios, Abismos e Intenções" (Santader Cultural, 2013), “CEP: corpo, espaço e percurso” (Natal, 2013); "Transposição" (Casa de Cultura Mário Quintana, 2012). Já recebeu diversos prêmios e foi selecionado para programas de residência.

o olhar

de Amanda

Amanda Copstein nasceu em Porto Alegre, em 1989. É graduada em Artes Visuais (UFRGS) e em Produção Audiovisual (PUCRS). Atualmente se divide entre a capital gaúcha e o Rio de Janeiro, onde frequenta o programa Práticas Artísticas Contemporâneas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Seus trabalhos são ligados à fotografia e ao vídeo, e mesclam linguagens distintas, como o desenho e a instalação. A primeira exposição individual foi no 3º Prêmio IEAVi - Incentivo à produção de Artes Visuais em 2014.

 

a artista comenta:

O conjunto de imagens "Aqui e Lá" e o vídeo "D'accord" são desdobramentos de uma série de trabalhos que elaborei em 2014, com o título "Enquanto Você não Estava". As obras surgiram a partir do meu viver no centro de Porto Alegre. São visões de um cotidiano entre as paisagens visuais e sonoras que se desenham ao lado de fora de minhas janelas.

o artista comenta:

Nas duas imagens apresentadas, o texto tem uma relação direta com a paisagem. Em "Daqui Só se Enxerga a Fronteira do Céu", foi utilizado um fragmento de texto do escritor Manoel de Barros para a realização desta ação. Em "Contempla", a palavra foi encontrada no lugar e também estabelece conexão poética com o espaço que habita.

 

o olhar de

Alexandre

Alexandre Copês nasceu em São Gabriel, em 1988. Vive e trabalha em Porto Alegre. É graduado em Artes Visuais (UFRGS). Em sua pesquisa, o espaço do íntimo, a paisagem interna afetiva, se dá a partir da relação com o pampa gaúcho e, de certa forma, aponta para além desse território. O acúmulo de experiências urbanas, as relações afetivas e a abordagem homoerótica são pontos centrais de sua produção que envolve desenho, fotografia, vídeo e texto. Tem participado de diversas exposições coletivas.

o olhar

de Diego

Diego Petrarca nasceu em Porto Alegre, em 1980. É autor de "Nova Música Nossa" (crônicas, 1998), "Mesmo" (poesia, 2003), "Banda" (poesia, 2002), “Via Cinemascope" (poesia, 2004), "Cada Coisa" (poesia, 2012), "Vento & Avenca" (haicais, 2012), "Hai-Cábulos" (com Andréia Laimer, 2012) e "Tudo Figura" (poesia, 2014). Trabalha em projetos de literatura e jornalismo literário. É mestre em Teoria Literária - Escrita Criativa (PUCRS), professor de literatura do Estado e ministra oficinas literárias em órgãos de cultura em Porto Alegre.

o artista comenta:

Quis situar Porto Alegre a partir de algumas memórias dos bairros onde vivi, citados claramente no poema (que eu percebo sendo cidades diferentes dentro da mesma Porto Alegre), mas também numa tentativa de falar da cidade por um ponto de vista subjetivo, íntimo, de modo a considerar essas lembranças convivendo com uma fabulação da cidade através de seus pontos de identidade e como isso reverbera num olhar pessoal, lírico, gerando uma combinação entre memória e idealização.

Porto Alegre: deste retrato

Onde as luzes se recolhem noutra intimidade

e se deseja andar sozinho

como um modo legítimo

de encontrar girassóis

 

os ventos renovam teus movimentos

            num ímpeto que vai até o sol

            desde então a invenção

            fez- claridade

e a Tristeza

o Menino Deus

e a Cidade Baixa

te pertencem enquanto outros códigos

de uma mesma sintaxe

 

aguardo teu outono

(propício para intuição)

cidade, infância e maioridade

           tem a tua dicção

cidade siamesade um lago

teus lugares fazem dos meus medos

teus melhores segredos

em tua fotografia o cais

é um contorno alaranjado

de dentro dos barcos

         recorta tua silhueta atolada

em partitura de edifícios

e esquinas democráticas

 

ignoro teu mofo teu muco

teu lixo tua pilha gasta

tuas últimas notícias

          reúno a Redenção e o Parque Marinha

         e os projeto equivalentes aos desenhos

        de céu e brisa

diluídos em tardes azuis

da zona sul

 

ressalto o que em ti

é a película

de décadas concentradas

numa Rua da Praia

dali teu espírito é o saudosismo

algum rastro impreciso

de melancolia

mas também futuro

destilado

          e vontade de alegria

 

meu privilégio é a insistência

            em te ver sempre de perto

            (desinibindo essa retina

                                 introvertida)

onde a tarde não cai

sem mencionar o Rio Guaíba

como ponto de referência

mais ainda: como ponto de partida

 

 

o olhar de

Marina

Marina Camargo nasceu em Maceió, em 1980. Atualmente vive em Porto Alegre e Paris. Estudou no Instituto de Artes da UFRGS, onde realizou graduação e mestrado. Realizou pós-graduação na Universitat de Barcelona (Espanha) e estudou na Akademie der Bildenden Künste - München (Alemanha) como bolsista do DAAD. Em 2014, recebeu o prêmio Açorianos de Artista Destaque do Ano, tendo também recebido diversas bolsas e prêmios. Seu trabalho foi apresentado em exposições individuais e coletivas no Brasil e Exterior.

a artista comenta:

"Cidade Planejada (Porto Alegre)" faz parte de uma série de vídeos em que desenhos de mapas de cidades reais são refeitos com a movimentação das peças que formam as quadras do mapa. O mapa original é pouco a pouco transformado em outra cartografia. Neste vídeo, um dos mapas é baseado na cartografia da cidade de Porto Alegre.

o artista comenta:

 

Nesta obra, um mapa turístico ilustrado da cidade de Porto Alegre recebe pequenos cortes que destacam os lugares de referência, eleitos como pontos significativos da cidade. O verso do mapa, local destinado aos anúncios publicitários, torna-se a superfície onde se ergue uma nova cidade. Nesta pequena "maquete" a cidade que se revela em meio ao caos de imagens e letreiros publicitários, demonstra como o espaço representado do mapa pode se tornar mais próximo do espaço real.

 

o olhar de

Daniel

Daniel Escobar nasceu em Santo Ângelo, em 1982. Vive e trabalha em Porto Alegre. É graduado em Artes Visuais (UFRGS). Sua pesquisa aborda as paisagens do desejo criadas pelo consumo e pelo entretenimento, a partir da apropriação de objetos ou símbolo ordinários e cotidianos, próprios ao mundo urbano. Entre as mostras individuais recentes, destacam-se "A Nova Promessa" (Zipper Galeria, 2014), "Seu Lugar é Aqui, seu Momento é Agora" (Santander Cultural, 2014) e "Paredes Falsas, Programa de Exposições do CCSP" (São Paulo, 2013). Participou de residências e recebeu diversos prêmios. Possui obras em acervos públicos e privados no Brasil e no Exterior.

o olhar

de Chana

Chana de Moura nasceu em 1989, em Estância Velha (RS). Vive e trabalha em Porto Alegre. Desenhos, bordados, assemblages, instalação, fotografias e objetos fazem parte da sua produção, que trata de questões de seu universo íntimo de relações e, ao mesmo tempo, de conexões e relações da artista com o mundo exterior e imaginário, com a natureza e a ideia de natural. Sempre a partir de seu ponto de vista particular e, por vezes, autorreferencial. Pelo 3° Prêmio IEAVi – Incentivo à Produção de Artes Visuais, apresentou a exposição “O Coração, Se Pudesse Pensar, Pararia” (Casa de Cultura Mario Quintana). Tem participado de mostras coletivas.

a artista comenta:

Quando fui convidada para criar um trabalho relacionado à nossa cidade, a ideia de crítica foi meu primeiro pensamento. Porto Alegre tem passado por situações de mudança que são irremediáveis. Sua paisagem vem sendo desconfigurada. Há descaso em relação à segurança pública e em muitos outros setores. Inclusive, a obra "Olhos Atentos", de José Resende e instalada perto da Usina do Gasômetro, na qual intervi para esse projeto, aponta o desrespeito com o espaço e com as obras de arte em espaço público, que sofrem danos e, raramente, manutenção. Percebo que a população não encontra caminhos de dialogar com os governantes. Há, sobretudo, um grande cansaço por parte de muitas pessoas que já lutaram muito para fazer do nosso ambiente urbano um lugar melhor para se estar. Porém, concluí que agressividade e crítica (ainda que esta última sempre se faça necessária) já são tão comuns por todos os lados de nossa sociedade que, no mês de seu aniversário, daria, à população de Porto Alegre, um presente. Algo ligado ao lado interior de qualquer pessoa, a um lado primitivo e instintivo e que fosse ao mesmo tempo simples e abrangente. Sim, um balanço! Meu brinquedo favorito na infância e também o brinquedo favorito de muitas crianças ainda hoje; um balanço que remetesse ao sentimento de estar em movimento, que celebrasse a vida e que pudesse ser o espaço de um instante de contemplação. Aí, então, a vontade de estar perto do lago, da água que corre e que muito ensina. Pois apesar de todas as feridas que sofre o rio, ele não se esquece da grandeza de ser água. Assim, o meu presente foi um convite à contemplação, à distração, ao descanso e a qualquer sentimento de elevação através das coisas mais simples que a vida pode oferecer.

 
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