Os f ilhos de Telê

ADinho e Luís Carlos Goiano chegaram a Porto Alegre em janeiro de 1995 com apenas dois dias de diferença. Carregavam em comum o título de campeões mundiais pelo São Paulo e a vontade de provar que ainda tinham muito a dar na carreira. Passadas duas décadas, a torcida do Grêmio não consegue citar um sem falar no outro, tamanha a harmonia com que se entendiam dentro de campo.

Bicampeão mundial (1992/1993), Dinho havia trocado o Morumbi pelo Santos no começo de 1994. No final da temporada, o clube da Vila Belmiro atrasava salários, e o volante, já com 28 anos, que se cobrava por não poder oferecer maior segurança à família, pensava em sair. À procura de um substituto para o capitão Pingo, negociado com o Cruzeiro, o Grêmio surgiu em seu caminho.

– Quando chegou a proposta, não pensei duas vezes, mesmo que não conhecesse ninguém no clube – conta o atual vereador do PPS na Câmara da Capital.

Concluída a negociação entre os presidentes Fábio Koff e Samir Abdul-Hak, Dinho chegou a Porto Alegre dia 24 de janeiro.

– Me pegaram no aeroporto. Fui com Cacalo para Gramado (onde o Grêmio realizava pré-temporada). Ele andava a 200 por hora, quase desisti de assinar o contrato – ri.

Recepcionado por Felipão e Paulo Paixão, Dinho logo sentiu "uma atmosfera boa". Por vezes, revezou-se com Adilson como capitão do time.

– Na verdade, a gente só usava a faixa. Todos falavam no grupo, eu, Goiano, Rivarola, Adilson, Danrlei...

Campeão mundial em 1993, Goiano chegou ao Grêmio dia 22 de janeiro. No pequeno Novorizontino, antes de transferir-se para o São Paulo, criara forte vínculo com o preparador físico Darlan Schneider, "parceiro de chimarrão e churrasco". Mais de uma vez, o sobrinho de Felipão sugeriu ao tio que levasse o volante para o Olímpico.

A chance da contratação se abriu no final de 1994. Emprestado pelo Novorizontino ao Remo no segundo semestre, para tentar evitar o rebaixamento do clube paraense no Brasileiro, o que não foi possível, Goiano recebeu um telefonema do então supervisor Antônio Carlos Verardi, portador de uma proposta do Grêmio.

Desembarcou num domingo e seu primeiro treino, no dia seguinte, foi uma corrida de 3,2 mil metros no Gasômetro. Como havia chegado de viagem na véspera, Goiano ouviu do preparador Paulo Paixão que não estava obrigado a participar do teste. Não só       recusou a cortesia como, já nas primeiras voltas, alcançou             Arilson e Alexandre Xoxó, que puxavam a fila. Percebeu                   que ainda lhe sobrava fôlego, acelerou a passada,                     ultrapassou os dois e terminou a maratona em primeiro.

– Só ouvi os caras falando: pô, contrataram um cavalo! Aquela foi minha porta de entrada. Dá pra dizer que virei uma liderança          física – diz o atual diretor de futebol remunerado do         Novorizontino.

 

 

 

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