Promovido pelo jornal Zero Hora, o projeto traz a Porto Alegre profissionais de atuação reconhecida para debater com jornalistas, professores e estudantes sobre a profissão e o papel da imprensa em uma sociedade livre e democrática.

Edição | Lúcia Pires

Design | Thaís Müller

TIM ROGERS

 

Editor da Fusion EUA

28 de Janeiro de 2016

 

Tim Rogers conversou com a jornalista Sabrina Passos em uma edição extraordinária do evento pela passagem do editor digital por Porto Alegre. A conversa foi uma análise sobre o comportamento da mídia com a internet e novas ferramentas.

"Estamos tentando fazer com que a América Latina se torne interessante para os jovens americanos. Por isso, apostamos mais em assuntos sociais do que políticos"

Texto: Caetanno Freitas

 

Tim Rogers é o tipo de jornalista que não parou no tempo. Editor-sênior da Fusion, empresa resultado da união entre a Univision e ABC, dos Estados Unidos,Tim reconhece que as mídias sociais funcionam como um canhão para alavancar a audiência de qualquer site. Especialmente, diz ele, se você sabe como usá-las a seu favor. Ignorar uma rede, uma nova plataforma em ascensão, é como um tiro no pé.

 

Foi assim com o Snapchat. Quando Tim Rogers o descobriu, milhões de usuários já dominavam a ferramenta. Depois que a Fusion resolveu apostar no segmento, a audiência disparou. Hoje, segundo Tim, há mais visualizações de mídia no Snapchat do que nos vídeos que são publicados no site da empresa, que tem cerca de 10 milhões de visitantes únicos ao mês.

 

— Sempre pensei que as mídias deveriam puxar o conteúdo para o site da Fusion. Mas não é assim que funciona. Elas operam sozinhas. Algumas pessoas, simplesmente, nunca vão deixar o Snapchat, por exemplo. Nunca irão buscar conteúdo no site. Então, temos de estar lá. Cada plataforma tem sua própria voz — analisa.

Tim Rogers foi o convidado do primeiro Em Pauta ZH - Debates sobre jornalismo de 2016. O evento, realizado na noite de quinta-feira (28), debateu coberturas internacionais e tendências em jornalismo digital.

 

Ao colocar as redes sociais como prioridade da Fusion, Tim Rogers espera se aproximar do público jovem norte-americano, que já considera o Facebook uma mídia ultrapassada, uma “coisa de velhos”, diz ele.

 

Da mesma forma, tenta atrair o público para questões da América Central, onde Tim viveu e trabalhou como repórter e editor por 12 anos. Foi correspondente para veículos como BBC, Time e Miami Herald, além de ter fundado o próprio jornal, na Nicarágua.

 

— Estamos tentando fazer com que a América Latina se torne interessante para os jovens americanos. Por isso, apostamos mais em assuntos sociais do que políticos.

 

A Fusion, segundo Tim, oferece uma estrutura capaz de apostar em histórias diferentes, em pautas “malucas”, que podem atrair qualquer perfil de leitor.

 

— Fazemos histórias que são surpreendentes, que possam continuar repercutindo, sendo compartilhadas ao longo dos meses. A Fusion nos encoraja a fazer pautas diferentes, históricas malucas — afirma.

Mesmo com o forte apelo às redes sociais, Tim dá uma dica aos jornalistas.

 

— Se você gastar muito tempo lendo os comentários das suas matérias, você vai se jogar da janela — brinca.