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As carros-chefe históricos de medalhas do Brasil terão de impulsionar a campanha para cumprir a ambiciosa meta traçada pelo COB. Veja como vôlei, vôlei de praia, atletismo, natação, vela e judô se preparam para os Jogos.

 

Vela

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

1 bronze

Projeção para 2016:

6 ouros

3 pratas

8 bronzes

2 a 6 medalhas

FORÇA FEMININA

MASCULINO EXPERIENTE

Assim como no judô, as mulheres devem ser as estrelas da vela na Olimpíada do Rio. A modalidade com maior número de medalhas do Brasil na história deposita esperanças em nomes como Martine Grael e Kahena Kunze, da classe 49erFX, e as gaúchas Ana Barbachan e Fernanda Oliveira, da 470.

Junto com Kahena, Martine, filha do multicampeão Torben Grael, forma a dupla brasileira com resultados mais consistentes no último ciclo. Campeãs mundiais, entram como favoritas de sua classe. Fernanda - que foi bronze em Pequim ao lado de Isabel Swan - e Ana tem se mantido entre as 10 primeiras do ranking. Há também esperanças na recém sagrada campeã pan-americana Patrícia Freitas, da classe RS-X.

 

Entre os homens, as possibilidades de medalhas estão com atletas experientes. Atleta olímpico mais vencedor da história do Brasil, Robert Scheidt voltou à classe laser e, aos 42 anos, ainda é competitivo. Ricardo Winicki, o Bimba, na RS-X, também têm chances. Na finn está o jovem prodígio: Jorge Zarif, 22, foi campeão mundial em 2013.

O IMPONDERÁVEL

Os favoritos brasileiros terão de lutar contra o imponderável que sempre prejudica projeções na vela. A forte influência de fatores externos, como o vento, sobre os resultados, torna a modalidade imprevisível.

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

Projeção para 2016:

nenhuma medalha

1 a 3 medalhas

Atletismo

4 ouros

3 pratas

7 bronzes

DECEPçÃO NO PAN

Problema de formação

O atletismo brasileiro vive a ressaca de um Pan decepcionante. Em Toronto, foram 12 medalhas, com apenas um ouro, o de Juliana dos Santos nos 5.000m. Nada surpreendente para Lauter Nogueira, comentarista do SporTV e treinador:

- É frustrante acompanhar de perto o atletismo nos últimos anos. O que temos para 2016 é basicamente o que tínhamos para 2012, mas quatro anos mais velho. A preparação já foi cara naquela Olimpíada, e nessa gastou-se muito mais dinheiro. Mas não está sendo efetivo - detonou, antes de completar:

- O que me preocupou foi ver previsões de uma "chuva de medalhas" do Brasil em Toronto. Isso mostra um descolamento da realidade. Já esperava um desempenho assim, só errei no número de ouros: previa três.

 

Lauter critica a falta de investimentos na base e acredita que o atletismo definhou por conta das seguidas gestões de Roberto Gesta, que presidiu a Confederação Brasileira por incríveis 26 anos. Agora, com a defasagem na formação, vê em Fabiana Murer, 34, a mais real possibilidade de medalhas no Rio.

- Quais são as possiblidades? As de sempre. Quando são poucos os frágeis ombros em que se deposita a esperança, mais peso esses ombros vão carregar. Em uma Olimpíada em casa, será mais peso ainda - analisa.

Esperança em 3 provas

A visão da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) é menos pessimista. O superintendente de alto rendimento, Antonio Carlos Gomes, projeta chances de pódio em três provas: além de Fabiana Murer, acredita no salto com vara masculino (com expoentes como Thiago Braz, autor da segunda melhor marca do mundo no ano, com 5,92m) e no revezamento 4x100m feminino.

- A Confederação investiu em duas pontas: focou nos atletas que estão no Top 20 do ranking mundial para prepará-los, ao mesmo tempo que elabora um projeto para a base, com previsão de montar 50 núcleos para incentivar a prática do atletismo e formar novos treinadores - explica.

 

Judô

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

1 ouro e 3 bronzes

Projeção para 2016:

3 ouros

3 pratas

13 bronzes

3 a 6 medalhas

Equipe de "cascudas"

MASCULINO EM RENOVAÇÃO

É na força das mulheres que o judô confia para brilhar na Olimpíada do Rio.

- A equipe feminina ainda é jovem, mas muito madura. As atletas são muito "cascudas" - analisa Ney Wilson, gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Wilson se refere a nomes como a campeã mundial Mayra Aguiar, a campeã olímpica Sarah Menezes, a campeã pan-americana Érika Miranda e Rafaela Silva. O quarteto se mantém na elite de suas categorias há algum tempo. Antônio Carlos da Silva Pereira, o Kiko, técnico de Mayra, a gaúcha com mais chances de medalha olímpica, mostra confiança:

- A Mayra com certeza vai estar no pódio olímpico. A cor vai depender do dia dela.

 

 

CONCENTRAÇÃO TOTAL

Entre os homens, a situação é um pouco diferente. Rafael, cortado do Pan por lesão, é o mais bem colocado no ranking. Há, também, uma promissora geração jovem.

-  A equipe masculina sofreu uma transição, uma renovação. Muitos vão estrear nos Jogos Olímpicos. Se fosse a mesma equipe do Pan, teríamos quatro estreantes. Estamos trabalhando bastante esse processo de amadurecimento - afirma Wilson.

 

Seja com atletas tarimbadas ou jovens revelações, haverá pressão sobre o judô para garantir múltiplos pódios. Para que os atletas estejam totalmente concentrados, a CBJ tirará os judocas da Vila Olímpica e os hospedará em Mangaratiba, a cerca de 100km do Rio.

Por não saber exatamente quem vai compor a equipe olímpica, a Confederação prefere não traçar uma meta de medalhas.

 

Natação

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

1 ouro

4 pratas

8 bronzes

1 prata e 1 bronze

Projeção para 2016:

2 a 7 medalhas (incluindo maratonas aquáticas)

 

MEDALHAS DOS EXPERIENTES

Ouro Vai ser Complicado

Maratonas aquáticos

Alex Pussieldi, comentarista do SporTV e técnico de natação, acredita em possibilidades mais claras de medalha para os atletas mais experientes do Brasil, como César Cielo e Thiago Pereira.

Além de Cielo, nos 50m livre, e Thiago nos 200m e 400m medley, Pussieldi vê chances para Bruno Fratus, também nos 50m livre, Felipe França e Felipe Lima nos 100m peito e o revezamento 4x100m masculino.

Fora das piscinas, no mar carioca que receberá as maratonas aquáticas, o Brasil deposita as esperanças no trio Allan do Carmo, Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto. Allan terminou a temporada passada como líder do ranking mundial dos 10km, assim como Ana Marcela Cunha, medalhista de bronze no Mundial deste ano, no feminino. A experiente Poliana, de 32 anos, carrega na bagagem o título mundial de 2013. Em Kazan, ficou na sexta posição.

 

Ganhar um ouro é que será mais complicado. Cielo, campeão olímpico em Pequim e tricampeão mundial, tem ficado para trás na disputa com o francês Florent Manaudou.

- Fiquei muito assustado com a prova que vi no Aberto da França neste ano (na ocasião, Manaudou bateu Cielo). A distância parece estar grande. Hoje, o confronto se assemelha ao Inter x Barcelona de 2006. Se tudo der certo no dia, o Cielo pode ganhar. Mas não é a tendência - diz Pussieldi.

O comentarista ainda lembra que a outra referência da natação brasileira, Thiago Pereira, tem muito a evoluir até o próximo ano:

- O Thiago não nadou bem o Pan, apesar do recorde. Ele tinha essa sobrecarga de buscar as medalhas. Acho que em Kazan ainda não estará bem, mas tem tudo para chegar forte no Rio.

 

 

Vôlei

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

4 ouros

3 pratas

2 bronzes

1 ouro e 1 prata

Projeção para 2016:

2 medalhas

 

EQUILÍBRIO NO MASCULINO

OS EUA NO CAMINHO DAS MULHERES

No masculino, o cenário internacional permite a projeção de uma Olimpíada com muito equilíbrio. Além do Brasil, Estados Unidos, Rússia, França, Polônia, Sérvia e Itália são fortes. No total, sete equipes de ponta, isso sem contar o crescimento de emergentes como o Irã. O time de Bernardinho sofreu na pele os efeitos da competição acirrada ao ficar de fora da semifinal da Liga Mundial. Se são sete potências, quatro terminarão os Jogos de mão abanando.

- Não gostei do planejamento para o Pan. Competição não é para se fazer teste como se fez com jogadores muito jovens. Mas o Brasil segue muito favorito para a Olimpíada. Essa comissão técnica já passou por dificuldades e superou - opina Paulão, campeão olímpico em 1992.

O feminino terá a dura missão de tentar repetir o feito de Cuba, tricampeã olímpica entre 1992 e 2000. As últimas competições mostraram que os Estados Unidos devem ser o principal obstáculo no caminho brasileiro.

A derrota de 3 sets a 0 na semifinal do Mundial do ano passado foi preocupante. Recentemente, com a equipe brasileira dividida entre o Pan e o Grand Prix, duas derrotas para as americanas nas finais das duas competições.

Confiança

Ainda assim, há confiança de que o enfrentamento entre as duas potências é equilibrado.

- Tenho convicção de que, assim como nós respeitamos os Estados Unidos, eles têm um tremendo respeito pela nossa equipe - resume o diretor de seleções de quadra da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Renan Dal Zotto.

— A Fabi e a Thaísa, as centrais, devem voltar e vão encorpar bem o time brasileiro. Acho que aí vamos brigar de igual para igual - afirma Paulão.

 

Vôlei de praia

Histórico de medalhas do Brasil:

EM LONDRES 2012

2 ouros

6 pratas

3 bronzes

1 prata e 1 bronze

Projeção para 2016:

3 a 4 medalhas

 

Domínio no mundial

OS EUROPEUS CRESCEM

O Brasil é o país que mais conquistou medalhas no vôlei de praia desde a inserção da modalidade no programa olímpico, em 1996. A tendência é de que a trajetória vitoriosa siga na Olimpíada em casa, especialmente se o último Mundial servir como termômetro.

Na competição disputada na Holanda, as duplas brasileiras ocuparam as três posições do pódio, enquanto os homens conquistaram ouro e bronze. Justo pensar, portanto, que os quatro times do país que terão vaga olímpica assegurem medalhas.

Briga por vagas

O foco do planejamento da CBV está, por enquanto, em garantir que as melhores duplas representem o país. A Confederação criou um sistema de pontuação específico para a classificação ao Rio, em que as equipes pontuam em algumas das etapas do Circuito Mundial. A briga é intensa, como foi em outros ciclos.

- O que nós mudamos em relação a outras Olimpíadas foi o momento da definição dos classificados. Antecipamos um pouco para que as duplas tenham tranquilidade para se preparar até os Jogos. Em janeiro de 2016, teremos as duplas definidas - afirma Fúlvio Danilas, diretor de vôlei de praia da CBV.

Mesmo que entrem como fortes candidatos, os representantes brasileiros terão de enfrentar o crescimento de países que antes não tinham a mesma força. Nova no programa olímpico, a modalidade teve Brasil e Estados Unidos largando na frente, mas agora nações europeias como Holanda, Alemanha, Itália e Letônia se aproximam.

- Esses países evoluíram, mas o Brasil é favorito. Agora, isso não significa que vai ganhar. Todos os aspectos que possam interferir fazem diferença. Do outro lado da quadra, os atletas também se prepararam tanto quanto você. E sobre os brasileiros existe uma expectativa maior por estar em casa - lembra Adriana Behar, vice-campeã olímpica em 2000 e 2004.