Foto: Lauro Alves, BD

Kannemann, o cão de guarda

Uma imagem de Kannemann ainda no túnel que leva ao campo, durante o aquecimento para a primeira partida contra o Barcelona-EQU, dia 25 de outubro, em Guayaquil, pode ser usada como síntese do comportamento do zagueiro dentro de campo. Como um lutador de UFC, o argentino retesa a musculatura, dá tapas na cabeça, desfere socos no próprio peito e, enquanto sacode os dois braços, parece pronunciar alguns gritos de guerra. É um gesto solitário, de total introspecção, como se o jogador estivesse a poucos segundos de ingressar em um ringue. O defensor parece sair de um transe quando Fernandinho estende a mão para cumprimentá-lo.

 

É com a gana de quem vive uma luta de vida ou morte que Kannemann conquista a torcida a cada jogo, desde sua chegada, em julho de 2016, num período em que a defesa sofria gols em excesso. Junto com Geromel, formou a melhor dupla de zaga do país e livrou os gremistas de alguns pesadelos originados em cruzamentos para a área.

Quando Geromel ainda mostrava alguma insegurança, após retornar de lesão muscular, Kannemann compensou jogando praticamente por dois. E, em uma competição em que predomina o idioma espanhol, foi decisivo na comunicação com os árbitros. Até mesmo Oberdan, uma lenda da zaga do Grêmio na década de 1970, rende-se à eficiência do estrageiro:

 

– Kannemann tem bom tempo de bola, impulsão e antecipação.

 

Com dois títulos de Libertadores na carreira - o primeiro foi em 2014, pelo San Lorenzo-ARG, clube em que se formou -, Kanemmann junta-se a De León e Rivarola como mais um zagueiro estrangeiro a conquistar pelo Grêmio o título continental. Com contrato encaminhado até o final de 2020, terá vida longa no clube e no coração da torcida.

CAPA >

TEXTOS

Luís Henrique Benfica

Marco Souza

EDIÇÃO

André Baibich

Diego Araújo

DESIGN

Amanda Khal de Souza

Melina Gasperini