Elyashiv

De olho nos gols do Cristiano Ronaldo

Com um quipá de estampa de melancia preso aos cabelos castanhos, Elyashiv Zviel, 10 anos, joga bola em frente à sinagoga do assentamento israelense de Psagot. O gramado fica ao lado do playground, onde crianças menores escorregam num minhocão multicolor e brincam de dirigir em uma gangorra em formato de carrinho. Toda sexta-feira, dezenas de palestinos fazem protestos e atiram pedras contra os portões da comunidade, encravada no topo de uma colina ao lado de Ramallah, na Cisjordânia. Mas Elyashiv e os vizinhos não veem. Protegidas por seguranças particulares e patrulhas do exército, as cercas que as pedras alcançam estão distantes e bem vigiadas.

Não que o menino ignore o que acontece.

A tensão ronda o país, as notícias de confrontos entre árabes e israelenses chegam pela internet.

– Uma vez, ouvi um tiroteio em Ramallah e uma bala atingiu a casa. Fiquei muito assustado – conta Elyashiv.

Mas ali o susto é exceção. As crianças vão desacompanhadas à escola, dentro do próprio assentamento.  Elyashiv costuma ir de skate para as aulas, depois de levar sua cachorrinha Pepsi (que ganhou o nome por causa da pelagem preta, que lembra o refrigerante) para o passeio matinal.

– As pessoas pensam que todo dia temos ataques terroristas, mas não é assim. Temos uma vida muito tranquila, porque dentro da comunidade é muito seguro. Elyashiv acompanha as notícias, mas tem 10 anos: está mais interessado em quantos gols o Cristiano Ronaldo fez do que exatamente o que acontece no exército hoje – minimiza o pai, David.

O menino diz que conhece árabes legais, como um amigo do trabalho do seu pai:

– Gosto daqueles que quando você fala, estão dispostos a jogar futebol ou brincar com você. Mas não gosto dos terroristas, que querem nos matar.

E acredita que a paz só será possível se os palestinos reconhecerem o Estado judeu:

– Se eles pararem de nos incomodar, podem viver aqui. Se quiserem viver em paz, podem ficar.

No assentamento de Psagot, onde vive com sua família, Elyashiv sente-se protegido, apesar das notícias de atentados que acompanha pela internet

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